//ANÁLISE// CPI do covid-19

                                                                                                                         


Fernando Pesciotta


Depois de dez 12 dias sumido, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, finalmente reapareceu. Convidado, ele foi ao Senado para “explicar” as ações de “combate” à pandemia.

Seu depoimento provou o acerto do governo em tentar escondê-lo. O general é um desastre. Ele reconheceu que não há vacina para todos e mesmo assim assegurou imunização total ainda neste ano.

Se ele sabe que não há vacina para todos, o que está fazendo para reverter o quadro? A resposta que ele deu: há dificuldade de adquirir doses no exterior.

Sem o imunizante em estoque, ao menos sete capitais informam que podem ter de paralisar a vacinação.

Segundo o consórcio de veículos de imprensa, o Brasil vacinou até agora 4,4 milhões de pessoas, ou 2,69% da população acima de 18 anos. Pazuello assegura que até junho o País terá 50%. Mas não conseguiu dizer como isso será possível.

A intenção do general ao aceitar o convite do Senado era jogar água no anseio de parte do colegiado pela abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a péssima gestão da saúde pública e o escândalo das mortes na pandemia.

Acabou jogando gasolina no fogo. O desempenho do general no Senado surpreendeu negativamente até os governistas e deu fôlego ao pedido de abertura de CPI.

Pazuello, além de mostrar sua incompetência, falta de planejamento e total descaso com a vida dos brasileiros, caiu em contradição, conforme reconhece até a Agência Senado.

O general disse que não foi avisado do eventual colapso no fornecimento de oxigênio em Manaus. Porém, a afirmação contradiz a manifestação da AGU encaminhada ao STF em janeiro, segundo a qual o Ministério da Saúde teve ciência do problema no dia 8 daquele mês.

O Brasil registrou, nas últimas 24 horas (até a noite do dia 11), 1.452 mortes por covid-19, o maior número desde julho. O total de óbitos agora é de 236.319.

A culpa não é do general que ocupa o cargo de ministro da Saúde. Ele é um desastre, incompetente e desconhecedor dos assuntos da pasta, mas a culpa é de quem o mantém lá.

Na noite desta quinta-feira (11), o capitão cloroquina voltou a defender o uso do remédio sem eficácia contra o covid-19 e criticou o isolamento social. “Não adianta ficar em casa chorando”, disse, babando.

Que venha a CPI.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

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