//ANÁLISE// Capitão cloroquina e a picanha no quartel

                                                                                                                        


Fernando Pesciotta


Documentos do Ministério da Saúde revelados pela imprensa comprovam que o governo Bolsonaro usou recursos públicos para conduzir a cloroquina como estratégia de combate ao coronavírus.

O Ministério da Saúde usou a Fiocruz para produzir 4 milhões de comprimidos de cloroquina, com dinheiro público previsto na MP 940 para combater emergencialmente a pandemia do coronavírus. Foram repassados R$ 457,3 milhões à Fiocruz para a produção de cloroquina.

Cadê o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, ao menos para explicar isso?

Os militares não estão preocupados com isso. O general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, confessa que em 2018, às vésperas da eleição que levou o capitão cloroquina ao Planalto, fez posts nas redes sociais para pressionar o STF a impedir que Lula fosse candidato.

O general assume que a ação foi coordenada com o Comando Geral do Exército. Uma quartelada que revela uma Corte covarde.

A confissão da indisciplina e desrespeito à hierarquia constitucional está em livro com o criativo e atraente título “General Villas Bôas: conversa com o comandante”. Além da confissão, a obra não tem mais nada que preste.

Veja um exemplo do que é capaz de sair da boca desse general: “Quanto mais igualdade de gênero, mais cresce o feminicídio. Quanto mais se combate a discriminação racial, mais ela se intensifica. Quanto maior o ambientalismo, mais se agride o meio ambiente.”

A comemoração do golpe virou farra. No ano passado, o Exército comprou mais de 700 toneladas de picanha e mais de 80 mil garrafas de cerveja, aparentemente a preços superfaturados.

O 38º Batalhão de Infantaria, por exemplo, adquiriu 500 garrafas de Stella Artois por R$ 9,05 cada e 3.000 garrafas de Heineken, a R$ 9,80 cada. A 23ª Brigada de Infantaria de Selva comprou 3.050 garrafas de Eisenbahn, a R$ 5,99 cada.

O Comando do Exército adquiriu 569,2 toneladas de picanha e a Marinha, 88 toneladas. No total, foram 714 toneladas só de picanha, em média a R$ 84,14 o quilo. Pelo miolo de alcatra os militares pagaram R$ 82,37 o quilo.

Quer dizer, os militares não, nós pagamos.

Enquanto milhões de brasileiros voltam para a miséria, o Exército festeja o poder esbanjando e roubando dinheiro público.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

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