//ANÁLISE// Agora é o bacalhau com uísque e conhaque

                                                                                                                          

Fernando Pesciotta

Observe o mundo contemporâneo e responda: qual país desenvolvido está sob comando militar? Quem respondeu nenhum, acertou. Não faz parte da democracia moderna ter militares no controle. Não é essa a atribuição das forças armadas.

Aqui no Brasil, essa raça não consegue ficar longe do poder. É uma praga que impede o desenvolvimento maduro do País.

Em livro que está chegando ao mercado, o general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, reconhece o DNA golpista dos militares. Ele confessa ter agido para pressionar o Judiciário brasileiro e favorecer o capitão cloroquina na eleição de 2018.

Dizia temer que o governo petista fosse atrás dos assassinatos cometidos pelos militares na ditadura implantada em 1964. Ou seja, assume que houve crimes, mas que devem ficar impunes.

Além de atrasar o desenvolvimento do País, os militares se lambuzam no poder. Depois das centenas de toneladas de picanha e dos litros e litros de cerveja, descobre-se que as forças armadas compraram mais de 9 mil quilos de filé de bacalhau, 139 mil quilos de lombo de bacalhau, dez garrafas de uísque 12 anos para o comando do Exército e 660 garrafas de conhaque para o comando da Marinha.

A gastronomia nababesca paga pelo contribuinte ganha requintes de crueldade quando se analisa os preços pagos. Há forte suspeita de superfaturamento. Ou seja, os militares se regalam usando o dinheiro público e ainda podem estar roubando um tanto.

Não é novidade. Durante a ditadura, os militares se lambuzaram bastante, por isso forçaram tanto para voltar ao controle do poder. Mário Andreazza, militar de carreira e ministro dos Transportes por quase uma década, ficou famoso por ser o caixa dos militares.

Obras como a ponte Rio-Niterói, a usina de Itaipu, os prédios da Petrobras e do BNDES no centro do Rio de Janeiro – construídos pela Odebrecht –, a Transamazônica, a usina de Angra, entre tantas outras, são cercadas de suspeitas de superfaturamento. À época, as denúncias surgiam, e seus autores sumiam.

Após deixar a presidência, o general Ernesto Geisel foi contratado para ser o presidente da Copene, origem do Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia. Era o pagamento pelos favores prestados às empresas da região.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com