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Fernando Pesciotta
Até chegarmos à era das trevas medievais de Jair Bolsonaro, a política externa brasileira priorizava a relação com os Brics, onde estão China, Índia e Rússia, que já começou a vacinação em massa. E a Argentina era a principal parceria comercial do País.
Agora, até integrantes do governo admitem que as constantes críticas do sinistro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da família Bolsonaro à China colocam empecilhos para o Brasil ter vacinas contra o covid-19.
Sem os insumos da China, a Fiocruz não consegue fornecer vacinas, assim como atrasa o cronograma da CoronaVac.
A situação é tão esdrúxula que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também sempre atacado por Bolsonaro, tenta articulação com o governo chinês.
Por outro lado, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, combatido por Bolsonaro, assinou acordo com a AstraZeneca para produzir os insumos. Estão previstas 200 milhões de doses para exportação para a América Latina, excluindo o Brasil.
O agravante é que a Índia, que poderia ser alternativa para abastecer o mercado com imunizantes, liberou as exportações da vacina de Oxford, mas também excluiu o Brasil.
Na reunião da OMC, em Genebra, nesta terça-feira (19), o representante indiano disse que não há vacina para todos. A culpa, acrescentou, é de países como o Brasil, que não apoiaram a proposta de quebra de patentes.
A decisão de Bolsonaro no ano passado foi por alinhamento com os interesses de Donald Trump.
Não é por acaso que cresce a presença da palavra impeachment nas redes sociais, ao mesmo tempo em que cai a popularidade de Bolsonaro no ambiente digital.
Agora, até líderes de partidos do Centrão passam a discutir o impeachment com maior desenvoltura.
O mercado financeiro também dá sinais de esgotamento. Enquanto tinham convicção de que a vacina estava próxima, os investidores levaram a bolsa a recordes. Mas nos últimos dias colocaram o pé no freio.
Esperemos mais declarações desastrosas na tentativa de aglutinar os apoiadores fundamentalistas e tentar desviar a atenção para o que está acontecendo no País.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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