//ANÁLISE// Os EUA como alerta ao Brasil

                                                                                               


Fernando Pesciotta


A invasão do Capitólio, o Congresso dos EUA, por apoiadores de Donald Trump é uma tentativa de golpe que serve de alerta para outras democracias, especialmente as mais frágeis.

Washington viveu o caos e cenas dignas de uma republiqueta. Uma militar apoiadora de Trump foi baleada e morreu, assim como outras três pessoas ainda não identificadas.

Supremacistas brancos, os nazistas dos EUA, não aceitam a derrota. Observe que o golpismo se exacerbou no dia em que um Estado racista como a Georgia confirmou, pela primeira vez na história, a vitória de um democrata negro e outro judeu para o Senado.

O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, avaliou que o país sofreu uma “insurreição”.

O roteiro de Trump pode ser seguido por Jair Bolsonaro em 2022. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, concorda. "Basta lembrar as imagens de março de 2020", disse Maia, referindo-se às manifestações em Brasília que pediam o fechamento do Congresso e do STF.

Bolsonaro ajudou a construir essa lógica ao dizer, sem provas, que houve fraude na eleição dos EUA.

A tentativa de golpe foi provocada por Trump. Ele fez discurso aos manifestantes incitando-os a invadir o Congresso. E usou as redes sociais para incentivar a insurreição.

A reação das plataformas de mídia social foi imediata. O Twitter anunciou que suspendeu a conta de Trump. Facebook e Instagran também tomaram medidas inéditas para restringir a circulação de vídeos e mensagens publicados por Trump.

Bolsonaro segue o roteiro tosco. Depois de dizer que o Brasil está quebrado, recorreu ao cinismo. Para os inúteis que ficam à porta do Palácio do Alvorada, ele disse, rindo, que o Brasil “está bem, está uma maravilha”.

Se o Brasil estiver “quebrado”, a culpa é de Bolsonaro. Afinal, ele deu reajuste de salários aos policiais e cortou o imposto na compra de armas. Duas medidas antieconômicas orientadas pelo roteiro golpista.

Diante do crescente risco de derrota de seu candidato à presidência da Câmara, o que lhe renderia o apoio do Centrão, Bolsonaro retoma a estratégia de realinhar os fundamentalistas que o cercam, os mesmos que apoiaram a tentativa de golpe no ano passado.

Como postou um influente jornalista no Twitter, falta a Bolsonaro “conhecimento para governar, perfil para ser presidente, disposição para trabalhar e grandeza para reconhecer suas limitações e cercar-se de uma equipe competente”.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

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