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Fernando Pesciotta
Em recente reunião ministerial, Jair Bolsonaro revelou incômodo por estar sendo cobrado em seus perfis nas redes sociais para dar celeridade à vacina contra o covid-19.
Na conversa, ele emendou críticas ao ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, a quem responsabilizou pela péssima gestão da saúde pública na pandemia e pela ausência de vacina – cerca de 60 países já estão aplicando o imunizante.
“A pandemia baqueou o Pazuello e ele não dá conta de mais nada”, teria dito Bolsonaro. Mais uma vez, a culpa nunca é dele, mesmo que faça de tudo para impedir a vacinação, incite aglomerações, ridicularize o uso de máscaras, despreze os mortos.
A revelação da revista Veja teve grande repercussão na imprensa e nas redes sociais. O mais incrível é que quem saiu em defesa do general foi um suposto adversário de Bolsonaro. Coube ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, cumprir esse papel.
Maia postou no Twitter: “Bolsonaro é covarde”. Pouco depois, disse que o presidente é o culpado pelas mais de 200 mil mortes provocadas pelo coronavírus no País.
É provável que Maia tenha feito um gesto à esquerda para manter o apoio a seu candidato à presidência da Câmara, Baleia Rossi – Maia, se quisesse, teria liberado um dos 85 pedidos de impeachment de Bolsonaro que mantém na gaveta. Mas a situação é mesmo crítica e só os irresponsáveis como Bolsonaro não enxergam. Pela primeira vez desde início de agosto, a média móvel diária de mortes é superior a mil: 1.016. O total de óbitos já é de 203.140.
O que piora nossa situação é a comparação com qualquer país. No resto do mundo, os governantes se mostram preocupados, atentos e enérgicos. No Reino Unido, as autoridades consideram que o efeito da vacinação só começará a ser sentido em maio e por isso mantiveram o lockdown até o final deste mês.
Com 40 mil mortes e 80% das UTIs do país ocupadas, a chancelar alemã, Angela Merkel, diz que o pior está por vir e ampliou as medidas de restrição, com lockdown também até o final de janeiro. Portugal e Bélgica seguiram o mesmo caminho.
Baixa renda perde R$ 32 bilhões
O fim do auxílio emergencial significa R$ 32 bilhões a menos de renda para a população mais carente. Sem esses recursos, com a inflação de alimentos elevada e desemprego em disparada, 2021 promete ser catastrófico para os pobres brasileiros.
Real tem pior marca em 18 anos
Enquanto a Bolsa acumula alta e tem renovado recordes no volume de negócios, o real anda para trás e tem o pior início de ano desde 2002. O dólar fechou a primeira semana de 2021 com alta de 4,37%.
Segundo analistas, a desvalorização do real reflete o aumento da preocupação com o risco fiscal brasileiro.
O aumento de casos de covid-19, a guerra na definição do comando do Congresso, uma conjuntura econômica preocupante e um governo praticamente acéfalo fazem os investidores buscarem guarida na segurança do dólar.
Em síntese, o mercado financeiro apoia um governo genocida porque lhe está sendo rentável, mas não deposita nenhuma confiança nele.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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