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Maria Luíza e Alice: atividades do livro foram elaboradas para que
a criança possa descobrir seus sentimentos de forma lúdica e divertida
Salete Silva
O medo de perder um parente para o covid-19, de contrair uma doença desconhecida que pode ser fatal, ou as inúmeras histórias sobre idosos, adultos, jovens e crianças que perderam a vida durante a pandemia, reforçaram no inconsciente infantil o tema da morte, o mais frequente nos trabalhos e estudos sobre depressão na infância.
Por outro lado, o isolamento social confirmou o que pais, mães, psicólogos e educadores de forma geral já imaginavam: as crianças gostam de união e têm prazer em contar com a ajuda das pessoas, de serem acolhidas, entretidas e dividir as tarefas difíceis.
Para ajudar as crianças a entender o turbilhão de emoções do universo infantil e aprender a lidar melhor com elas no dia a dia durante e no pós-pandemia, as psicólogas Maria Luíza Fonseca Manzano, de Serra Negra, e Alice Mariana Gelmini, de Águas de Lindoia, publicaram a obra “Meu livro das Emoções”.
Ela se destina às crianças alfabetizadas ou em fase de alfabetização. Mas pode ser acessada pelos menores, porque é repleta de figuras e atividades simples, nas quais podem contar com a ajuda dos adultos.
“Uma criança até pode se divertir sozinha ou ser tímida, mas quando ela está com pessoas que ela verdadeiramente gosta, aí você pode ver uma grande felicidade dela “, afirma Alice.
Maria Luíza explica que as atividades funcionam como ferramentas que atuam no processo de desenvolvimento da inteligência emocional. “Temos no livro atividades de desenho para que a criança expresse por meio da arte suas emoções, temos também uma atividade em que deverá ser completada a frase com uma emoção que está sentindo naquela ação explicitada”, relata.
Livro tem como objetivo contribuir também na retomada das atividades escolares e sociais de forma geral |
Todas as atividades foram elaboradas para que a criança possa descobrir seus sentimentos de forma lúdica e divertida. Alice destaca ainda a ideia de ensinar a criança a expressar seus sentimentos. “É deixar a criança livre para escrever e desenhar sobre o que sente e entender um pouco mais sobre as emoções, como tristeza, felicidade, medo, raiva e nojo, entre outras”, acrescenta.
Alice destaca entre as propostas apresentadas às crianças é de deixá-las livres para desenhar coisas que estão sentindo. “Em algumas páginas propomos que desenhem temas sobre o que lhes desperta raiva ou tristeza, por exemplo.” O livro propõe uma dinâmica de diário, de forma acessível e lúdica.
A ideia é que pais e educadores participem das atividades propostas. Além deles, profissionais de saúde também podem utilizar como ferramenta educativa e de uso clínico. “Mas, atenção, os adultos precisam dar liberdade e privacidade para que a criança desenhe e escreva sobre seus sentimentos mais profundos. Sem corrigi-las ou censurá-las. Este livro precisa ser preenchido com muita verdade”, alerta a psicóloga.
A obra tem como objetivo contribuir também na retomada das atividades escolares e sociais de forma geral. “A forma como cada criança vai reagir à retomada depende muito de sua individualidade e da preparação, não só de familiares como de educadores e os profissionais”, explica Maria Luíza.
Os sentimentos mais comuns nessa fase podem ser uma mistura de ansiedade, medo e felicidade. Apesar de ansiar pela volta, ainda há muito medo do risco de contaminação. A empolgação, no entanto, é o maior sentimento que as crianças devem apresentar, na avaliação de Alice, em especial pelo reencontro com os amigos e visitas aos locais favoritos.
É aí que estará o maior desafio para os pais. Acalmar a ansiedade imediatista das crianças em saciar seu desejo por lazer fora do domicílio deverá ser a principal atenção. “Teremos crianças com medo e outras com excessos de cuidados, mas em geral, ansiosas”, conclui Alice.
Com a pandemia, muitos pais buscaram por ajuda psicológica, em especial devido às dificuldades de relacionamento com os filhos em casa.
A terapia online, no entanto, não é a ideal para crianças e muitos ainda têm medo de contaminação. As famílias serranas sem recursos para contratar terapias particulares podem procurar alguns serviços públicos, cita Maria Luiza, por meio do CAPS (Centro de Atenção Especial) ou UBS (Posto de Saúde Comunitário) da sua região. Além disso, alguns profissionais oferecem valores sociais.
Alice Mariana Gelmini
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Maria Luiza Manzano
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