//ANÁLISE// Ameaça de morte a quem denuncia o bolsonarismo

                                                                                         


Fernando Pesciotta


Inspirados numa iniciativa norte-americana, dois jovens de Ponta Grossa criaram a versão brasileira do Sleeping Giants. Trata-se de um alerta feito em plataformas de redes sociais contra sites de reputação duvidosa. Ou seja, chama a atenção para publicações de fake news e discursos de ódio.

O que começou de forma despretensiosa ganhou corpo, passou a orientar grandes anunciantes e pode custar a vida do casal Leonardo de Carvalho leal e Mayara Stelle, de 22 anos, estudantes de Direito que vivem do auxílio emergencial.

O resultado prático da iniciativa deles é o corte de milhões de reais que empresas brasileiras destinavam a sites bolsonaristas. Por isso, passaram a receber ameaças de morte e agora vivem em local desconhecido.

A revelação da identidade do casal foi feita pela Folha de S. Paulo, por iniciativa dos jovens. Orientados por um serviço voluntário de advogados, eles concluíram que estariam mais seguros se revelassem publicamente suas identidades, pois não fazem nada de ilegal, ao contrário. Com isso, poderiam atrair maior estrutura de proteção.

O Sleeping Giants Brasil começou a operar em maio, usando o Twitter e o Instagram para alertar empresas sobre anúncios em sites que propagam conteúdos com desinformação ou discurso de ódio.

Calculam ter retirado R$ 1,5 milhão em anúncios de três sites de notícias e dois canais do YouTube. Atualmente, 700 empresas seguem seus alertas e retiraram os anúncios de sites “duvidosos”.

Nazistas saíram imediatamente às redes para reagir à revelação da identidade do casal. Um perfil identificado como Wagner Reis Bastos postou, dia 13 de dezembro: “Os imbecis e idiotas úteis foram identificados. Precisam sentir o peso da justiça e procurarão blindagem midiática. Mas espera aí, que justiça?”.

Esses sites “duvidosos” são os mesmos que estão na mira do STF. São, na verdade, instrumentos de terroristas, não só digitais, pois queriam invadir fisicamente a sede do STF e ameaçam matar o casal do Sleeping Giants. São bolsonaristas, contam com recursos públicos destinados pela Secretaria de Comunicação do governo da família Bolsonaro e têm a estrutura de governo para protegê-los. Mais parecem a origem da Gestapo.

Festas clandestinas para espalhar coronavírus

Concentração de jovens no Largo da Batata, em São Paulo, mesmo no horário em que os bares deveriam estar fechados. Festas clandestinas que driblam a fiscalização usando as redes sociais e estruturas cada vez mais bem elaboradas para manter secreto o local do evento. Assim reage parte da população das classes média e alta.

Maria Cristina Megid, diretora da Vigilância Sanitária do Estado, reconhece que não está fácil coibir festas e aglomerações proibidas.

Segundo o jornal espanhol El País, a classe média abandonou a quarentena e faz lotar hospitais privados em todo o Brasil. O Albert Einstein, na Capital, está com 95% de ocupação. Há fila de espera em hospitais do interior paulista.

Sem uma liderança no combate à pandemia, o País tem 181.945 mortos, sendo 526 nas últimas 24 horas, com tendência de crescimento.


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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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