/ANÁLISE// A volta do coronavírus

                                                                     


Fernando Pesciotta



Por causa da eleição, o governador João Doria fraquejou no controle e nas ações contra a pandemia e até sonegou dados de novos casos e mortes nas últimas semanas.

O crescimento das internações em hospitais privados é verificado desde o início de novembro e só agora, logo após o primeiro turno da eleição municipal, Doria admite o aumento das internações por covid-19.

Entre os dias 8 e 14, esse crescimento foi de 18%, na comparação com a semana anterior, que também já fora de alta. A média diária de novas internações subiu de 859 para 1.009.

Por conta disso, o governo estadual adiou a reclassificação para a faixa verde que estava programada para ser anunciada nesta segunda-feira, 16 de novembro.

O governo estadual alega que houve falha nos dados de novos casos e de mortes do Ministério da Saúde na semana passada.

Ontem, o Estado chegou a 40.576 vítimas e 1.169.377 casos confirmados.

Segundo o secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, se os indicadores continuarem a crescer, medidas mais restritivas poderão ser adotadas. Os especialistas alertam para as festas de fim de ano. E esse cuidado pode afetar o comércio.

Hospitais particulares voltaram a ampliar espaços exclusivos para pacientes com covid-19.

No fim de semana, o vice-presidente do Hospital Albert Einstein, Marcos Knobel, alarmado com a retomada do crescimento de infectados, distribuiu um alerta em grupos de Whatsapp.

Na mensagem, ele pede que as famílias voltem a tomar cuidados essenciais para evitar o contágio.

“Vitória”

O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, não concorda que Jair Bolsonaro tenha sido um dos derrotados na eleição municipal. A avaliação é "totalmente inadequada", disse.

"Dizer que o presidente foi derrotado nessa eleição é uma falácia. Pelo contrário, ele foi vitorioso. Porque o seu adversário ele conseguiu combater. Não eliminou, mas reduziu muito, especialmente o PT."

Na eleição, 78 candidatos assumiram o nome Bolsonaro na cédula, mas apenas um, Carlos, conseguiu se eleger.

Apoiadores de Bolsonaro desde 2018 também fracassaram nas urnas. Ex-atletas e ex-jogadores de futebol foram rechaçados. A deputada Carla Zambelli, guerrilheira na defesa do presidente com 1 milhão de seguidores no Twitter e outro milhão no Facebook, não conseguiu eleger sua cunhada para a Câmara Municipal de Mairiporã, onde seu pai perdeu a eleição para vice-prefeito.

De acordo com O Globo, o resultado eleitoral dividiu o governo entre os negacionistas e aqueles que defendem uma autocrítica. Entre os negacionistas estão os lunáticos que defendem teorias estapafúrdias de fraudes e outras aberrações do gênero.
 
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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