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Fernando Pesciotta
O Estado do Amapá entra hoje, 19 de novembro, no 18º dia de crise no abastecimento de energia elétrica sem perspectivas de solução do problema. Oficialmente, o fornecimento de energia começa a ser restabelecido. Alguns condomínios de luxo até têm momentos de vaga-lume, mas a massa da população vive o caos com o apagão e protesta nas ruas.
Nesse período, não se viu nenhuma manifestação de Jair Bolsonaro. Nem de solidariedade, nem de apoio ou de lamentação pelo péssimo serviço prestado à população.
Almirante da Marinha, o ministro de Minas e Energia só agora cogita fazer uma visita ao Estado. Ele chegou a dizer que as soluções não deram certo porque “a questão é complexa”. Em meio à crise, ele está mais interessado na privatização da Eletrobras.
Vamos lembrar que a infraestrutura também tem um militar à frente, o capitão do Exército Tarcísio de Freitas, para quem o problema do Amapá não é com ele. Na Saúde, com pandemia e tudo, o Ministério está com outro militar, o general Eduardo Pazuello, e as aglomerações e falta de condições mínimas para enfrentar o coronavírus no Amapá também não é com ele. Se os militares fossem apenas amadores, estaríamos no lucro. Mas são muito incompetentes.
Circulam nos bastidores de Brasília boatos de que a falha no sistema elétrico não ocorre apenas no Amapá. Só não temos outros apagões porque nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste o sistema é interligado, e uma região acaba suprindo eventual falha em outra.
Segundo especialistas, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), não tomaram medidas básicas que poderiam ter evitado o apagão no Amapá. Dizem que a Companhia de Energia do Amapá (CEA) e a Gemini Energy, responsável pela transmissão, operam de forma precária desde o início do ano e os órgãos públicos não exigiram reparos.
Esse descaso, infelizmente, não é novidade no governo Bolsonaro. Ele já desprezou a tragédia de Brumadinho, o óleo nas praias do Nordeste, as queimadas no Pantanal, o desmatamento na Amazônia e até a pandemia.
Agora mesmo ocorre outro desrespeito. Rodrigo Santos Alves, nomeado pelo ministro Ricardo Salles como superintendente do Ibama, cancelou multa aplicada pelo próprio Ibama. Suspendeu atos de sua própria equipe técnica e autorizou a construção de um resort em região conhecida pela procriação de tartarugas marinhas na Bahia.
Parabéns a todos os envolvidos.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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