//ANÁLISE// Estupro culposo

                                                            

Fernando Pesciotta

Raras vezes se viu, na história recente, uma mobilização tão grande em torno de um assunto nas redes sociais como esse envolvendo Marina Ferrer.

Vídeo divulgado nesta terça-feira, 3 de novembro, pelo The Intercept revela tratamento “descabido” recebido pela jovem durante o julgamento do homem que ela acusou de estupro em Santa Catarina.

A promotoria defendeu a tese de ”estupro culposo” e o acusado acabou inocentado, o que provocou revolta, indignação, reação do Conselho Nacional de Justiça e críticas de ministros de tribunais superiores.

A blogueira acusa o empresário André de Camargo Aranha de tê-la estuprado em dezembro de 2018, num camarim privado, durante uma festa em clube de Jurerê Internacional, em Florianópolis. Ela tinha 21 anos e era virgem.

Durante a audiência do caso, o advogado do empresário, Cláudio Gastão da Rosa Filho, chama de "ginecológicas" as fotografias profissionais feitas por Mariana e diz que não gostaria de ter "uma filha do teu nível".

Diante da série de ofensas, a jovem reage. "Eu gostaria de respeito, eu tô implorando por respeito, nem os assassinos são tratados assim.” O juiz não tomou nenhuma providência.

O Twitter contabilizou mais de seis milhões de posts, invariavelmente contra a decisão da Justiça. Muitos usuários lembravam que juiz, promotor, réu e seu advogado tinham pelo menos uma coisa em comum: são todos eleitores de Jair Bolsonaro.

Independentemente disso, o caso ilustra o machismo das mesmas pessoas que pregam o conservadorismo e valores de família no Brasil.

Denunciado

Flávio Bolsonaro foi denunciado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no chamado caso Queiroz.

Ele e seu ex-assessor Fabrício Queiroz são acusados de comandar um esquema de repasses ilegais de salários de funcionários de seu gabinete quando era deputado no Rio de Janeiro.

Nomeado

Dezenove dias depois de deixar o gabinete do senador pego com dinheiro nas nádegas, o primo dos filhos de Jair Bolsonaro já tem emprego novo no mesmo Senado.

Leo Índio foi nomeado assessor parlamentar da Primeira Secretaria da Casa, comandada por Sérgio Petecão (PSD-AC), com salário de R$ 17.319,31.

É a nova política enraizando seus valores éticos e morais para mudar o Brasil.

No futuro

Sem o resultado da eleição definido, o presidente dos EUA, Donald Trump, se declara vitorioso, diz que houve fraude e ameaça recorrer à Justiça. Em Brasília, Bolsonaro comentou: “Eu sou você amanhã, meu querido”.

 

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com