//ELEIÇÃO// Jovens propõem romper política coronelista



Jovens que disputam as eleições municipais em Serra Negra e Amparo querem levar aos eleitores uma mensagem de rompimento com a política tradicional e conservadora desses municípios.

Suas propostas para o Executivo e o Legislativo são de mudanças socioeconômicas a partir da participação popular nas decisões administrativas das cidades. E defendem o orçamento participativo para que a população decida de forma efetiva como serão utilizados os recursos públicos dos municípios.

Essa foi a principal tônica do debate no programa Serra Negra na Roda, produzido pela Casa da Cultura e Cidadania Dalmo de Abreu Dallari, apresentado nesta quarta-feira, 8 de outubro.

Participaram do debate sobre o jovem na política, Tobias Gasparini, candidato a prefeito de Amparo pelo PT, Danilo Cardenas D'Angelo, integrante da candidatura coletiva Somos Semente, do PSOL de Serra Negra, e Barbara Souza, da chapa coletiva Juntas por Serra Negra, também do PSOL.

A proposta de governo de Gasparini para a prefeitura de Amparo tem como eixos básicos a promoção dos direitos, a capacidade técnica e administrativa e a participação popular.

“Amparo é uma cidade antiga que tem uma história de política conservadora, tradicional e coronelística. Sabemos disso porque é quase a tônica da política na nossa região, seja em Amparo, Serra Negra, Lindoia e Águas de Lindoia”, afirmou Gasparini.

O jovem candidato destacou que a região é formada por municípios pequenos que, na sua avaliação, são administrados como um balcão de negócios. “O papel da esquerda na nossa região e de partidos como o PT e o PSOL é romper com a lógica dos coronéis”, afirmou.

As prefeituras, ele avalia, funcionam como um balcão de negócios em que os amigos do prefeito, os familiares mais próximos e as famílias tradicionais mantêm seus privilégios. Para ele, essa situação é consequência de herança política.

Amparo só instituiu o voto em 1958. Até então, os administradores eram escolhidos por indicação, os mesmos, no entanto, que passaram a ser eleitos e continuaram mandando na cidade, por indicação, durante a ditadura militar.

Depois da redemocratização, as mesmas famílias seguiram administrando a cidade. Ele avalia que as administrações petistas romperam por algum tempo essa tradição.

Para Bárbara esse ciclo pode ser rompido com as candidaturas coletivas do PSOL. “O orçamento participativo pode ser feito ouvindo as pessoas em cada bairro para que elas digam o que é importante para a população”, afirmou a candidata da chapa Juntas por Serra Negra. Ela também define a política vigente na cidade como coronelista.

“Nasci aqui e o meu sobrenome é Souza, sofri e sofro muito porque quando você procura emprego a primeira pergunta é quem é sua família”, afirmou. Essa, para ela, é uma lógica coronelista.

“Precisamos romper isso fazendo uma cidade mais inclusiva, pensada na valorização do SUS, dos professores, da rede municipal, ocupando os espaços”, afirmou. Ela lembrou que a Câmara Municipal é formada por 11 homens e que a única mulher eleita não ocupa o cargo.

Promover a inclusão da população deverá nortear também o programa de trabalho da candidatura coletiva Somos Sementes, informa D'Angelo. Negro e homossexual, ele diz que desde cedo sentiu na pele o preconceito e a exclusão. Como jovem, também diz que não se sente representado pelo modelo de política vigente na cidade.

“Temos de trazer essa junção da política pública e população, que não foi ouvida nas administrações anteriores”. Para ele, o fato de sua chapa reunir uma mulher, um ambientalista e um ativista das causas lgbtqia+ e antirracista garantirá a representação de vários segmentos na Câmara Municipal.

A seguir a íntegra do programa: 



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