//ANÁLISE// Prática de Bolsonaro conflita com seu discurso

                                                       


Fernando Pesciotta


Muitas vezes já foi dito que Jair Bolsonaro se elegeu defendendo a bandeira contra a corrupção e a velha política, mas que a realidade é outra. São sete casos de corrupção sob investigação oficial.

Sua prática é de desvio de recursos e uso da máquina pública num modelo piorado de Michel Temer e do Centrão. Exemplos se renovam a cada dia. Além dos sete casos sob investigação, aqui vão outros quatro, recentes.

1 – Manipulação de dados

Em agosto, o advogado de defesa de Flávio Bolsonaro se reuniu com a cúpula da Abin e do GSI para tentar manipular as investigações de peculato envolvendo o filho presidencial.

O general Heleno alega que o encontro com a gangue foi “informal”. Ok, o serviço de “inteligência” do governo vai agir informalmente para esconder a roubalheira da família Bolsonaro.

O papel do general no episódio consolida a ideia de que os militares estão apenas atrás de uns trocados. Expõe a débil formação moral e ética do exército.

2 – Dinheiro para campanha

A Secretaria de Comunicação Social (Secom) mentiu e tentou esconder o despejo de dinheiro público em blogs sujos e sites de fake news.

A quantidade de anúncios pagos em canais de blogueiros e políticos investigados pelo STF nos inquéritos das fake news ou dos atos antidemocráticos é onze vezes maior do que a informada em abril.

A constatação é da Controladoria Geral da União. Gente de extrema-direita que atua em linha com o fundamentalismo medieval do bolsonarismo está sendo patrocinada com o seu, o meu, o nosso dinheiro, e o governo tenta esconder isso porque sabe que está fazendo mal feitos.

3 – Publicidade oficial

A Embratur fechou nos últimos dias a contratação de nova agência de publicidade sem obedecer às normas legais. O contrato com a Calia/Y2 foi feito de forma "emergencial" e "com dispensa de licitação".

A Embratur é presidida por Gilson Machado Neto, queridinho da família Bolsonaro, segundo o jornal O Globo. O novo contrato é de R$ 27 milhões.

Em tempos de pandemia e de busca desesperada de recursos para evitar que as contas públicas estourem o teto de gastos, ficou faltando explicar qual a “emergência” para fazer promoção do turismo.

4 – Curso de criminoso

Há poucos dias Bolsonaro gravou e publicou uma mensagem dirigida a alunos da AlfaCon, que prepara candidatos à PF. Disse que eles são bem-vindos à organização.

Privilegia e promove uma escola privada, o que é crime. A mesma escola que contrata Eduardo Bolsonaro para dar palestras. É famoso o vídeo de um “professor” do curso reconhecendo “centenas” de assassinatos.  

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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