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Fernando Pesciotta
A epidemia já vinha mostrando ao Brasil o tamanho da incompetência de Jair Bolsonaro e agora ratifica a confusão que é seu governo.
Bolsonaro disse que ninguém será obrigado a tomar a vacina contra o coronavírus e desancou o governador de São Paulo, João Doria, por defender o contrário.
Para provar sua fidelidade canina ao fundamentalismo miliciano do bolsonarismo, a deputada Carla Zambelli propõe no Congresso um projeto de lei que desobriga o cidadão de tomar a vacina.
No dia seguinte, o ministro da Saúde contradisse o presidente. O general Eduardo Pazzuello assegurou que o Ministério da Saúde vai investir ao menos R$ 1,9 bilhão para comprar 46 milhões de doses da “vacina chinesa”, a CoronaVac, que está sendo testada e produzida pelo Instituto Butantan.
Trata-se de um acordo entre o governo Bolsonaro e Doria. Ao fazer o anúncio, o general disse que a vacina do Butantan será “a vacina do Brasil”, incluída no Plano Nacional de Imunizações.
Na manhã desta quarta-feira, 21 de outubro, porém, Bolsonaro desautorizou o general. Segundo o site Poder360, ele cancelou o acordo. “Alerto que não compraremos vacina da China, bem como meu governo não mantém diálogo com João Doria sobre covid 19 (sic)“, escreveu em mensagem a ministros, ainda conforme o site.
Talvez o general estivesse reagindo às pressões da Faria Lima, avenida de São Paulo que concentra o mercado financeiro. Afinal, a pandemia, por causa do descaso de Bolsonaro, atingiu em cheio o bolso do empresariado.
Quem assegura isso é a Fundação Getulio Vargas, ícone do capitalismo brasileiro. Estudo da FGV traça uma relação direta entre o número de mortos e o desempenho do PIB.
O Brasil tem o segundo maior número de vítimas fatais do mundo, perdendo apenas para o Peru, na relação de mortos por milhão de habitantes.
As pressões não são apenas dos banqueiros. A sociedade se vê cada vez mais espremida pela inflação. Em setembro, a alta de preços nos supermercados de São Paulo foi a maior desde 1994, puxada pelo óleo de soja (+30,62%) e arroz (+16,98%).
Ao participar de um evento virtual com investidores estrangeiros, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que não deverá ser demitido em breve.
Traduzindo: já sente a corda no pescoço.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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