//ANÁLISE// Dinheiro público patrocina crendices

                                         


Fernando Pesciotta


Desde a saída da presidente Dilma Rousseff, o investimento em pesquisas no Brasil caiu a menos da metade, segundo dados do Ipea. Isso demonstra o desapego da gestão de Jair Bolsonaro com a ciência e o desenvolvimento. Seu governo prefere investir no aprofundamento da ignorância.

Como se viu, doações de empresas para o combate à Covid-19 foram desviadas para fundos de Michelle Bolsonaro. E agora sabe-se que o governo usa recursos públicos para fazer propaganda contra a gravidade da doença.

Conforme denuncia o UOL, a Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), vinculada ao Ministério de Relações Exteriores, tem realizado uma série de eventos para questionar evidências científicas e colocar em suspeição a palavra de cientistas, médicos e especialistas.

Há, ainda, críticas a instituições internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS), questionamento das medidas de proteção e críticas a prefeitos e governadores.

No dia 3 de setembro, um dos palestrantes diz que máscaras são inócuas contra o coronavírus e perigosas para pessoas saudáveis.

Outro convidado diz que a pandemia foi "instrumentalizada por comunistas e globalistas para controle político" e elogia o termo "comunavírus" cunhado pelo ministro Ernesto Araújo.

Fora Bolsonaro

Antigos apoiadores de Bolsonaro engrossam críticas ao presidente nas redes sociais. Eles fizeram subir a #BolsonaroTraidor.

Ao longo da segunda-feira, 5 de outubro, o assunto rapidamente repercutiu nos principais veículos de imprensa.

Desgostosos com a aproximação com o Centrão e a saída de Sérgio Moro do governo, esses grupos não aceitam a indicação de Kassio Nunes Marques para o STF.

Também se dizem indignados com o abraço de Bolsonaro em Dias Toffoli, visto como “inimigo”.

O movimento Vem Pra Rua passou a defender a saída de Bolsonaro, decretou “luto” com o governo e convocou manifestação para dia 25.

Conhecido por ter apresentado Paulo Guedes a Bolsonaro, o empresário Winston Ling anunciou o fim do seu apoio ao governo. “Hora de desembarcar. Acabou”, postou no Twitter.

Numa tentativa de reaglutinar seus apoiadores, Bolsonaro escolheu atacar o MST. Postou um vídeo onde se vê membros de um movimento social, embora não seja possível assegurar que sejam do MST.

Depois, em evento com evangélicos, Bolsonaro disse que “se Deus quiser, o próximo indicado ao STF será um pastor”.


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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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