//ANÁLISE// Nem a economia, nem a saúde

                  


Fernando Pesciotta


A divulgação do PIB do segundo trimestre, de queda recorde de 9,7%, é mais uma notícia ruim para o governo de Jair Bolsonaro e motiva uma enxurrada de análises nas redes sociais e na imprensa.

Junto com o péssimo resultado do período, acima do esperado pelos analistas, o IBGE corrigiu a queda do PIB do primeiro trimestre, de 1,5%, como havia sido anunciado anteriormente, para 2,5%.

Junto com os dados ruins do PIB veio a revelação de que o governo acumula déficit de R$ 1 trilhão neste ano. E sem a necessária transparência para se saber por onde escorre essa dinheirama, já que os gastos com a pandemia estão aquém do planejado.

A conclusão é de que o governo não cuidou da saúde, com mais de 121 mil mortos, nem da economia, que cai vertiginosamente e vê o assombramento do desemprego.

O pior é que não há um plano econômico para servir de bússola. Como resposta ao tombo do PIB, o governo apenas desengavetou a proposta de reforma administrativa.

A economia encolheu em torno de 10% em todos os países desenvolvidos, onde o isolamento social teve um efeito prático no controle da pandemia e a partir de planos eficientes de retomada há um futuro mais promissor. Aqui, não chegamos ao fim da pandemia nem temos um caminho a seguir.

Em recessão técnica, com dois períodos seguidos de encolhimento, a economia deve voltar a crescer neste terceiro trimestre. Porém, num ritmo incerto, devido às dúvidas quanto à evolução da pandemia, desacertos nos gastos do governo, falta de investimento e um esperado aumento do desemprego com o fim do período de redução de salário e jornada.

Crise política

Observadores internacionais consideram que pode ser uma questão de dias a queda do presidente de Belarus, Alexander Lukashenko. Quase um mês depois da eleição que o conduziu ao cargo pela sexta vez, as manifestações são crescentes, assim como a convicção de que o pleito foi uma grande fraude.

As milhares de pessoas que engrossam as manifestações contra o presidente não temem mais a possibilidade de repressão policial, observa o embaixador brasileiro, Paulo Fernando Dias Flores, segundo o G1. “Uma mudança já ocorreu, o governo apenas resiste ao inevitável. A questão é por quanto tempo”, diz.

Num país com 9,5 milhões de habitantes, 200 mil manifestantes desafiam o governo nas ruas, o que ocorre pela primeira vez desde 1994. Sete mil manifestantes já foram presos desde 9 de agosto, dia da “eleição”.

A novidade do dia, trazida pela agência Reuters, é que os estudantes boicotam a volta às aulas, dando novos contornos à crise. Junte-se a isso a divisão explícita da oposição.

Nos EUA, o presidente Donald Trump classificou os protestos antirracistas de “terrorismo doméstico”. Ele prometeu reforço para as forças de segurança e elogiou a atuação dos policiais.

Ficha suja

Com o adiamento das eleições municipais por causa da pandemia, os chamados candidatos ficha-suja estão liberados para participar do pleito.  A decisão do TSE pode permitir que candidatos condenados por ilícitos em 2012, e cuja punição termina em outubro, participem das eleições.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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