//ANÁLISE// Brasil assiste ao avanço da fome

                             


Fernando Pesciotta


A POF 2017-2018: Análise da Segurança Alimentar no Brasil, divulgada pelo IBGE, revela pela primeira vez queda nos níveis de segurança alimentar dos brasileiros.

É considerado em insegurança alimentar um domicílio com incerteza quanto ao acesso de comida no futuro ou que já apresentam redução de quantidade ou qualidade dos alimentos consumidos.

O levantamento revela que mais de um terço da população, ou 84,9 milhões de pessoas, apresentou algum grau de insegurança alimentar no biênio 2017-2018.

Trata-se do maior índice registrado pelo IBGE desde 2004, início da POF. A pior situação está no Norte e Nordeste, onde menos da metade das casas tinha garantia de alimento.

Do total de 207,1 milhões de brasileiros, 10,3 milhões enfrentavam insegurança alimentar grave, o que significa estar sem acesso suficiente a alimentos e passar fome, incluindo crianças. O aumento foi de 43,7% desde a pesquisa anterior, em 2013.

A situação de fome é pior em domicílios comandados por mulheres ou pessoas autodeclaradas pardas.

A incerteza com a alimentação é crescente nessas famílias e nas de pretos, em comparação com as famílias comandadas por homens e brancos. Em 2004, o índice era de 65,1%. Atualmente, está em 63,3%.

A mídia observa que a inflação dos alimentos piora a situação. Nas periferias, a carne está sendo trocada pelos ovos. O arroz torna-se caro demais, assim como o feijão.

O desastre pode ficar ainda pior. De acordo com levantamento da FGV, uma em cada quatro empresas do setor de serviços avalia demitir funcionários. As companhias adiaram o pagamento de impostos e não obtiveram crédito para capital de giro durante a pandemia.

E Jair Bolsonaro só passou a surfar na onda do auxílio emergencial porque foi obrigado pelo Congresso.

Golpe militar

No dia 15 de setembro de 1970, o então presidente dos EUA, Richard Nixon, deu ordens para que o presidente eleito do Chile, Salvador Allende, fosse impedido de tomar posse.

Cinquenta anos depois, documentos ratificam a participação da CIA no golpe que derrubaria Allende no dia 11 de setembro em 1973 e instalaria mais uma ditadura militar na América do Sul.

A revelação também mostra que não são teorias de conspiração a intervenção dos EUA na política de países da região.

Recentemente, o Intercept trouxe à tona comprovações de envolvimento da CIA na Lava Jato. Sérgio Moro e Deltan Dallagnol teriam vinculação com o serviço secreto dos EUA.

Essas histórias se juntam a outras para compor um quadro de preocupações com a democracia brasileira.

Submissão

É explícita a subserviência do governo de Jair Bolsonaro a Donald Trump. Conforme levantamento da BBC News, nos últimos dias o Brasil aceitou cinco derrotas diplomáticas, com prejuízos para a economia, apenas para beneficiar a reeleição de Trump.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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