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Vitória e seus dois filhos: atendimento por pediatras é essencial |
Salete Silva
A auxiliar de produção Vitória Valeze Ferreira da Silva enfrentou dias difíceis com a filha de um ano e dois meses quando em meados de julho necessitou de atendimento pediátrico na cidade.
Fazia cinco dias que o bebê apresentava febre intermitente, que variava de 38º a 39º C. Como estava trabalhando, seu marido e sua mãe levaram a menina até a Unidade de Saúde da Família Dr. Firmino H. Cavenaghi, onde estava acostumada a ser atendida sempre pela mesma pediatra.
Porém, a informação que o pai e a avó receberam foi a de que o bebê passaria primeiro pelo atendimento do médico clínico geral e, se houvesse necessidade, seria encaminhado ao pediatra.
“O diagnóstico dado pelo médico foi o de que a minha filha estava com sintomas de dentição e que seria medicada com analgésico e anti-inflamatório (ibuprofeno)”, relata. A recomendação foi de retornar à unidade de saúde, caso a febre não cedesse em sete dias.
Vitória viu a situação de saúde da filha se agravar e preferiu pagar por uma consulta pediátrica particular. “Pedi um vale para os meus patrões porque não tinha condições financeiras”, salientou. O pediatra, segundo ela, descartou a dentição como causa da febre.
Os exames solicitados pelo médico, segundo a mãe, revelaram uma infecção agravada por cinco dias sem medicação correta. “Se não tivesse pago um pediatra, a infecção poderia ter chegado aos rins”, afirma.
Vitória relata que o quadro foi agravado por uma alergia contraída da medicação com o anti-inflamatório. “O bebê melhorou, mas vivi dias muito conturbados”, afirma, aliviada.
Mãe também de um menino de três anos, Vitória considera essencial o atendimento de crianças por pediatras e não por clínico geral como determinam as novas regras da Secretaria Municipal de Saúde de Serra Negra.
“Meu filho de três anos um dia chegou com febre alta no posto, e assim que a pediatra colocou os olhos nele, ligou no hospital solicitando internação”, relata. Para ela, a experiência dos pediatras com a rotina médica de crianças torna o atendimento mais eficiente.
O novo protocolo de encaminhamento municipal prevê agora a consulta inicial com o clínico geral, “a fim de tentar garantir que as crianças possam ter acesso ao médico pediatra”, informou a assessoria de imprensa da prefeitura. A mudança no protocolo se deve à diminuição significativa de profissionais disponíveis.
Em nota ao Viva! Serra Negra, a assessoria informa que a prefeitura contava com cinco pediatras na rede municipal de saúde para atender em todas as unidades.
Com o desligamento de três profissionais, dois por motivo de aposentadoria e um por mudança de cidade, Serra Negra conta agora no Sistema Único de Saúde (SUS) com apenas uma pediatra concursada com 20 horas semanais e uma pediatra que atende quatro horas semanais por meio do Conisca.
“A pediatria é uma especialidade médica, assim como ortopedia e neurologia. O médico clínico tem em sua formação condições técnicas de avaliar, acompanhar e tratar as crianças, e encaminha ao médico especialista (médico pediatra), sempre que entende que o caso requer avaliação e conduta de especialista”, informa a nota da assessoria de imprensa.
É assim com todas as especialidades. Todas as crianças, informa ainda a nota, que necessitarem da consulta pediátrica serão atendidas. “A Secretaria de Saúde vem se esforçando para encontrar médicos pediatras que possam atender na rede municipal, e assim, aumentar o número de consultas disponíveis em pediatria”, acrescenta.
A partir desta semana, a prefeitura já terá um pediatra atuando mais meio período. “Conforme vamos conseguindo, vamos abrindo a possibilidade de, além do protocolo, ter agendamento direto com a pediatria”, informa a nota.
A escassez de pediatras no mercado de trabalho já vem ocorrendo há alguns anos no país devido, entre outros fatores, à baixa remuneração e à má distribuição dos especialistas nas diferentes regiões brasileiras. A preferência dos profissionais é pelos grandes centros das regiões Sul e Sudeste.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o país conta com 43.699 pediatras atuando em diferentes campos, como promoção da saúde, prevenção de doenças e oferta de diagnósticos e tratamentos para crianças e adolescentes.
A pandemia do novo coronavírus, no entanto, também contribuiu para reduzir a oferta desses profissionais em virtude do afastamento de pediatras que fazem parte do grupo de risco.
Os pais que preferirem podem agendar diretamente o médico pediatra, segundo a assessoria de imprensa, pelo telefone (19) 3842-2832.
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