//ANÁLISE// Governo quer aumentar impostos para a classe média


Fernando Pesciotta

Como previsto, as discussões sobre reforma tributária ganham intensidade na imprensa desde a apresentação da proposta do governo. Nesta quarta-feira, 5 de agosto, os principais veículos de mídia aprofundam análises para concluir que a pretensão do ministro Paulo Guedes, com apoio do presidente Jair Bolsonaro, é elevar a carga tributária, especialmente da classe média e de profissionais liberais.

A proposta do governo prevê aumento de 3,65% por ano pagos por escritórios de advocacia, profissionais de contabilidade, assessorias econômicas e de comunicação para 12%.

Não há crescimento da carga tributária, porém, sem efeito cascata. Assim, a conta da garfada que Bolsonaro pretende dar será paga pelo assalariado e pode ser inflacionária, avalia a imprensa.

Por causa da proposta, o ministro da Economia está sendo chamado nas redes sociais de “Imposto Ipiranga”, numa alusão a como ele fora classificado pelo então candidato Jair Bolsonaro no processo eleitoral. O agora presidente já reconhecia que não entende nada de economia, mas deixaria a gestão nas mãos do seu posto Ipiranga Paulo Guedes.

O ministro sugere reduzir a alíquota do Imposto de Renda de 27,5% na fonte para 23% a 25%. A compensação seria feita com o corte das deduções das despesas médicas. Prevê, ainda, diminuir a contribuição patronal para o FGTS.

Segundo análise da Folha, essa manobra resultaria na retirada de R$ 32 bilhões anuais do bolso do trabalhador com carteira assinada. A mudança no recolhimento do FGTS daria outros R$ 20 bilhões.

No caso de aprovação da nova CPMF, também defendida pelo Imposto Ipiranga, aí toda a população pagaria mais tributos. A taxação elevaria, ainda, o custo de todos os produtos, com risco de aumento da inflação e um efeito bola de neve.

Moro agiu politicamente

Uma decisão tomada nesta terça-feira, 4 de agosto, pela Segunda Turma do STF explicita que o então juiz Sérgio Moro agiu politicamente às vésperas da eleição presidencial de 2018.

Conforme a conclusão do colegiado formado por Gilmar Mendes, Ricardo Levandowsky e Edson Fachin, foi ilegal a decisão de Moro de incluir a delação de Antonio Palocci nos autos de um processo contra Lula. Por isso, a delação não poderá ser usada.

A inclusão nos autos, sem grandes novidades em relação ao que já tinha sido vazado à imprensa pela Lava Jato, se deu de forma espetaculosa seis dias antes do primeiro turno. De acordo com o colegiado do STF, com o intuito de criar um fato político.

Em nota divulgada ontem, Moro negou parcialidade. Em sua defesa, entretanto, ele reconhece que o que foi divulgado às vésperas da eleição não trazia nenhuma novidade ao que já havia sido vazado. Então, por que o fez seis dias antes do primeiro turno? Segundo denúncias publicadas, à época Moro já teria se acertado com Bolsonaro para ser ministro.

Rachadinha

Em entrevista ao jornal O Globo, Flávio Bolsonaro admite que Fabrício Queiroz pagava suas contas. Alega que o dinheiro tinha origem lícita, era dele, Flávio. Nega, assim, a existência de rachadinha. Ele não deixa claro, porém, por que um assessor ficava com seu dinheiro e pagava suas contas pessoais, distribuía recursos para parentes e tomava emprestado da mulher do presidente.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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