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Fernando Pesciotta
Como já é tradicional no Brasil, agosto abre a temporada de caça ao voto para prefeito e vereador. É nesse contexto que deve ser entendida a discussão sobre o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600, ou outro valor, e sua extensão até o final do ano.
Numa tentativa de dizer que não está alheio à austeridade que tenta apregoar o ministro da Economia, o presidente Jair Bolsonaro diz não ser possível manter o pagamento por muito tempo. O programa custa R$ 50 bilhões por mês, alega. Paulo Guedes deve ter ditado a frase, pois também disse que o País "não aguenta por muito tempo" o benefício de R$ 600.
Porém – sempre há um porém –, assessores do Planalto avaliam que o auxílio emergencial pode ser mantido. Nos bastidores do Ministério da Economia, segundo revela a Folha, também há quem sustente a possibilidade de levar o auxílio até dezembro.
Não há como negar o viés político da decisão, por mais que os discursos sejam orientados pela lógica econômica. Originalmente, com seu olhar exclusivamente monetarista, o governo queria que a ajuda para contornar os efeitos da pandemia fosse de R$ 200, pagos em dois meses.
No Congresso, a oposição forçou a barra e conseguiu elevar o valor para R$ 600, e por três meses. Metido em enrascadas e alvo de denúncias envolvendo seus filhos, atacado pelo negacionismo e detonado pelo pouco caso com as mortes de brasileiros, o presidente viu sua popularidade se sustentar. Mais do que isso, ela cresceu em bolsões de pobreza como o Nordeste, graças ao pagamento do auxílio emergencial.
Nesta quarta-feira, 5 de agosto, na porta do Palácio do Alvorada, Bolsonaro viu materializada as consequências do gesto que a oposição lhe impôs. Um apoiador agradeceu o pagamento dos R$ 600 e os olhos de Bolsonaro miraram em 2022.
Bolsonaro e o governo sabem que manter o auxílio até dezembro pode ajudar a construir uma sólida base eleitoral nos municípios onde ele perdeu feio em 2018. Fora o discurso para inglês e os operadores do mercado financeiro verem, custe o que custar o auxílio vai ficar até fecharem as urnas da eleição municipal e o Natal.
Congresso
No começo da semana, o presidente da Câmara, que capitaneou a debandada do DEM e do MDB do Centrão, enfraquecendo a base governista no Congresso, fez uma declaração em favor de Bolsonaro que resultou em mudança estrutural nas negociações políticas. No Roda Viva, Maia afirmou que não há motivos que sustentem um processo de impeachment do presidente.
Foi a senha para o Planalto mudar de atitude em relação à eleição do comando da Câmara e do Senado. O casamento registrado em cartório de Bolsonaro com o Centrão previa uma atuação direta do Planalto para eleger o presidente da Câmara. A partir da senha dada por Maia, Bolsonaro se afastou desse processo.
A palavra de Bolsonaro, porém, não costuma durar muito. É preciso ver quando ele se sentirá com forças novamente para querer impor sua vontade. Se o pagamento do auxílio emergencial continuar alavancando sua popularidade, e se a eleição municipal revelar fortalecimento da sua base, ele vai querer ter o controle total, pois isso faz parte do seu caráter.
Prisão
Foi preso na manhã desta quinta-feira, 6 de agosto, o secretário de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Alexandre Baldy. Ele é acusado de irregularidades na área de saúde antes de assumir o cargo. Seja como for, a Polícia Federal de Bolsonaro, que ele insistiu tanto em ter o controle, avança sobre João Doria.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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Belo texto, com raciocício coerente do início ao fim.
ResponderExcluirFarei só um comentário: os "gastos" ou "custos" sociais do governo federal, do bolsa-escola de FHC (ou melhor, de Ruh Catrdoso), nos 1990, que mudou de nome para bolsa-família em 2003, no governo Lula, até o atual auxílio emergencial, chegaram, agora, ao patamar mais alto, diante de uma economia que há mais de 15 anos anda de lado, reflexo do mais lastimável descaso do Executivo com a população mais pobre, o que levou o Brasíl à mais grave e melancólica realidade socioeconõmica já vivida.
Que se convoquem os melhores economistas do mundo! Para tirar um atraso econômico de mais de década, sem contar as "barbeiragens" e "maquiagens" feitas por Dilma e seu chefe.
Porque o atraso é bem maior.
Levaremos quantos anos para voltarmos a 2005?
Edson Alvares da Costa.
Belo texto, com raciocício coerente do início ao fim.
ResponderExcluirFarei só um comentário: os "gastos" ou "custos" sociais do governo federal, do bolsa-escola de FHC (ou melhor, de Ruh Catrdoso), nos 1990, que mudou de nome para bolsa-família em 2003, no governo Lula, até o atual auxílio emergencial, chegaram, agora, ao patamar mais alto, diante de uma economia que há mais de 15 anos anda de lado, reflexo do mais lastimável descaso do Executivo com a população mais pobre, o que levou o Brasíl à mais grave e melancólica realidade socioeconõmica já vivida.
Que se convoquem os melhores economistas do mundo! Para tirar um atraso econômico de mais de década, sem contar as "barbeiragens" e "maquiagens" feitas por Dilma e seu chefe.
Porque o atraso é bem maior.
Levaremos quantos anos para voltarmos a 2005?
Edson Alvares da Costa.