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“Fui ou não contaminado pelo coronavírus?”
“Contraí ou não o Covid-19?”
Essas são as perguntas feitas por um paciente tratado como suspeito de covid-19 pelo serviço de saúde do município e acompanhado pelo Viva! Serra Negra por 15 dias, terminados quando os sintomas da doença já haviam desaparecido.
Quinze dias depois de sentir os primeiros sintomas, o paciente já se sentia restabelecido, estava recuperado, mas sem saber se contraiu ou não o covid-19, nem se já fazia parte das estatísticas da maior pandemia viral dos últimos 100 anos. O paciente não foi submetido a nenhum teste médico que certificasse ou não o diagnóstico.
O Viva! Serra Negra acompanhou a evolução do tratamento do paciente, que prefere o anonimato, a partir do sexto dia depois de seu primeiro sintoma, para saber qual é o protocolo adotado pelos profissionais da saúde e vigilância sanitária em casos suspeitos de covid-19.
O paciente teve seus primeiros sintomas no dia 17 de junho e três dias depois, quando procurou o serviço da Unidade do Alto das Palmeiras, adaptada para atender pacientes com sintomas gripais, queixava-se de falta de ar, tosse, febre por um dia e muita dor no corpo e de cabeça, além de congestão nasal.
Os médicos que o atenderam suspeitaram de que se tratava de covid-19. Além de um protocolo farmacológico com azitromicina (medicamento que faz parte do grupo dos antibióticos com efeito antibacteriano), Nasolive (para congestão nasal), dipirona, fosfato de oseltamivir (comercializado sob a marca Tamiflu, antiviral usado na prevenção e tratamento de gripe por influenzavirus A e B) e Busonid (para sintomas e tratamento crônico de rinites alérgicas e não alérgicas e da polipose nasal).
Além do kit, o paciente recebeu a orientação para se manter em isolamento social, que ele diz ter feito por 15 dias.
Seguindo o Plano SP do Estado de reabertura da economia, que até então enquadrava Serra Negra na fase laranja, ele já estava afastado das atividades profissionais.
O paciente relata ter sido muito bem atendido na unidade do Alto das Palmeiras por enfermeiros e médico, mas disse ter sentido falta de um exame para se certificar ou descartar o diagnóstico de covid-19.
Embora tenha sido informado durante a consulta médica de que profissionais da Vigilância Sanitária o visitariam na semana seguinte para acompanhá-lo e monitorá-lo no tratamento, o paciente disse não ter recebido nenhuma visita do pessoal dessa área, nem para saber sobre seu estado de saúde, nem para fazer o rastreamento e monitoramento das pessoas com quem ele teve contato.
O acompanhamento pela Vigilância Sanitária foi feito via telefone. Os profissionais telefonaram para saber como ele estava se sentindo cinco dias depois da consulta.
O paciente mora com sua companheira, que não apresentou sintomas, não se submeteu ao teste, nem ao isolamento social. Manteve sua rotina de trabalho normalmente.
No fim dos 15 dias, o pessoal da Vigilância Sanitária voltou a contatá-lo para saber qual era seu estado de saúde. O paciente já estava recuperado e sem sintomas. Só não sabia se tinha sido ou não contaminado pelo coronavírus.
Saúde explica o procedimento adotado
Procurados pelo Viva! Serra Negra, profissionais da Saúde e Vigilância Sanitária, por meio da assessoria de imprensa da prefeitura, esclareceram o procedimento adotado nesse caso.
O protocolo municipal para testagem do novo coronavírus, explicaram, está dirigido a pessoas com risco de complicações e amostragem que possam apontar a existência da circulação do vírus em um grupo, em uma área ou município.
O critério para a realização da coleta de SWAB para RT-PCR, o exame considerado mais eficaz na detecção de covid-19, inclui a população sintomática possivelmente vetora e sintomática com condições de risco, além de indivíduos com atividades profissionais de risco que facilitam a exposição e transmissão do vírus.
Entre essas atividades profissionais estão trabalhadores da saúde, segurança, limpeza e transportes públicos.
As pessoas incluídas no critério com condições de risco para desenvolvimento de complicações nas infecções por covid-19 são as com mais de 60 anos; cardiopatas; pneumopatias; doenças neurológicas: antecedente de AVC, esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica, Mal de Parkinson; obesidade; imunodeprimidos; doentes renais crônicos; diabéticos, conforme juízo clínico; gestantes de alto risco; portadores de doenças cromossômicas (ex. Síndrome de Down); população em situação de vulnerabilidade social (população em situação de rua, quilombolas, povos indígenas) e casos suspeitos em instituições fechadas.
Durante esse período de pandemia, todo caso de Síndrome Gripal, no entanto, é considerado suspeito para covid-19, informa a assessoria de imprensa, seguindo diretrizes do Ministério da Saúde e do governo do Estado de São Paulo, além do Grupo de Vigilância Epidemiológica de Campinas.
“A testagem com os testes rápidos recebidos pelo Ministério da Saúde também segue um critério do perfil da população e está indicado posteriormente ao período da doença por se tratar de detecção de anticorpos produzidos pelo organismo pós exposição ao vírus”, informa a nota.
Os pacientes sintomáticos que passam por atendimento médico, diz ainda a assessoria de imprensa, são medicados conforme avaliação, critério e conduta médica.
“Mas lembramos que o Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde recomendam que o melhor tratamento neste momento além do farmacológico também é o não farmacológico, que é o isolamento domiciliar do paciente e seus familiares”, afirma.
Para isso, os profissionais da saúde e Vigilância Sanitária têm como referência a Portaria nº 454 de 20 de março de 2020, que define as condições de afastamento ou tratamento domiciliar. O documento recomenda o afastamento ou tratamento das pessoas com qualquer sintoma respiratório o mais precocemente possível, buscando a contenção da transmissibilidade da doença.
As pessoas com quem os pacientes com síndrome gripal mantiveram contato deverão realizar medidas de distanciamento social por 14 dias e receber atestado médico para legalização do afastamento.
“Vale lembrar que em muitos casos os contatos se recusam a se ausentar de seus trabalhos por receio de perderem seus empregos por conta do período prolongado”, ressalva a nota da assessoria de imprensa.
A ficha dos casos de suspeita de covid-19, sejam os atendidos na unidade do Alto das Palmeiras, no Hospital Santa Rosa de Lima ou em consultórios particulares, é encaminhada pela equipe de saúde para o setor de Vigilância Epidemiológica.
Esse setor, explica a nota da assessoria de imprensa, alimentará os dados contidos na Ficha de Notificação no Programa e-SUS-VE que será computado como casos notificados para as esferas estadual e federal.
Esses casos serão também avaliados pela equipe em relação aos demais casos suspeitos no município, que também investigará a situação e perfil epidemiológico para tomada de condutas que se façam necessárias para detecção do vírus na comunidade.
Há dois profissionais na Vigilância Sanitária que realizam o telemonitoramento clínico de todos os casos leves notificados para a vigilância e também dos internados. Durante o monitoramento, se necessário, há o encaminhamento para atendimento presencial ou para o setor de referência, para avaliar também se há a necessidade de suporte social, emocional ou outros.
A assessoria de imprensa informou também que a equipe da Vigilância Epidemiológica acompanha e investiga todos os casos notificados, incluindo os casos graves internados, óbitos suspeitos e daqueles que realizam testagem em laboratórios particulares, mesmo sendo assintomáticos.
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