//PANDEMIA// Bancos desconhecem quanto emprestaram a empresários serranos


Salete Silva

Os recursos provenientes do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), oferecidos pelos bancos em Serra Negra se esgotaram rapidamente, mas nenhuma instituição informou qual foi o total liberado no município nem o número de pequenos e microempresários serranos beneficiados pelo programa.

Procurada pelo Viva! Serra Negra, a Caixa informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “com as propostas em fase final de contratação, o banco atingiu o limite autorizado pelo Fundo Garantidor de Operações (FGO) para o programa, que atualmente é de R$ 5,9 milhões, e deixou de receber, por hora novas propostas para esta linha de crédito”.

A assessoria de imprensa do Itaú Unibanco informou que repassou às pequenas e microempresas 100% de todo o recurso que chegou à instituição por meio do Pronampe. O banco contemplou 37 mil micros e pequenas empresas no país totalizando a liberação de R$ 3,7 milhões. Mas ressalva que não tem o “recorte regional” no qual Serra Negra está incluída.

O Viva! Serra Negra publicou reportagem na semana passada revelando que a maioria dos micros e pequenos empresários de Serra Negra, em especial os que têm seus negócios voltados mais para o turismo, tiveram dificuldade ou não conseguiram a liberação de recursos do Pronampe pelas instituições financeiras locais.

Os empresários estão sem capital de giro para tocar seus negócios em um momento em que as lojas de produtos não essenciais estão trabalhando apenas quatro horas por dia e os bares, restaurantes e lanchonetes funcionam somente em sistema de delivery e drive thru, conforme determina a fase Laranja do Plano SP de retomada da economia do governo do Estado.

Empresários da rede hoteleira também estão sem capital de giro para manter seus negócios. Os proprietários de pequenas pousadas encontram maiores dificuldades.

Na Fase Laranja do Plano SP, a rede hoteleira tem permissão de funcionar com apenas 30% de sua capacidade. Com essa restrição, as pequenas pousadas, com 20 a 30 apartamentos, não conseguem arcar nem com os custos de manutenção.

Além disso, segundo empresários do setor, os turistas ainda estão receosos e a demanda em boa parte dos estabelecimentos não tem atingido nem os 30% do uso da capacidade instalada permitidos na Fase Laranja.

Com o esgotamento do Pronampe, os bancos oferecem aos empresários outras opções de crédito, mas com taxas de juros mais elevadas ou com exigências de garantias como imóveis e faturamento em cartões entre outras, incompatíveis com as condições dos empresários.

Procurados pelo Viva! Serra Negra, por meio da assessoria de imprensa, Banco do Brasil e Santander não responderam à reportagem do portal até a sexta-feira, 24 de julho.

Apesar do recuo nos lucros provocado pela pandemia do novo coronavírus, os quatro maiores bancos do país - Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Unibanco e Santander -, registraram lucro de R 16,8 bilhões no primeiro trimestre de 2020, segundo a Economatica, empresa líder no desenvolvimento de sistemas para análise de investimentos.

A Selic, taxa básica de juros do país também recuou para 2,25%, o nível mais baixo registrado na sua série histórica, iniciada em 1996. Mas essa queda não se reflete nas taxas de juros de longo prazo usadas nos contratos das instituições financeiras firmados com os pequenos empresários.

Ao contrário, as taxas de juros das linhas de crédito oferecidas pelos bancos às pequenas empresas encareceram 44% este ano, segundo um estudo da startup Capital Empreendedor, realizado com base em dados do Banco Central e divulgado pelo UOL no mês passado.

A pesquisa mostra que até houve recuo na taxa de juros para pessoas jurídicas, mas não para os pequenos empresários.

O receio das instituições financeiras é da inadimplência e de um maior impacto nos lucros do que o já provocado pela pandemia do novo coronavírus no setor, que lucrou nos primeiros três meses do ano 28% menos em relação ao primeiro trimestre de 2019.

As instituições financeiras negaram em reportagem do UOL que tenham elevado os juros e que acompanham os movimentos de mercado e a concorrência para definir as taxas.

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