//ECONOMIA// Página do Facebook traz um pouco de tudo do comércio serrano

Cristiane: "É hora de nos reinventarmos”

Salete Silva

Expositores da Feira Noturna da Praça Sesquicentenário, um dos principais pontos de vendas e de encontro da cidade antes da pandemia, se viram sem chão quando suas atividades foram suspensas pelas regras de isolamento social.  

Alguns rapidamente transferiram as vendas físicas para o espaço online, via WhatsApp, e os negócios começaram a fluir, adaptados à nova realidade. Mas faltava à maioria, no entanto, familiaridade com os recursos tecnológicos, sem a qual boa parte dos pequenos produtores não conseguia efetivar as vendas e garantir alguma renda durante o isolamento social.

Foi nesse cenário que nasceu a página no Facebook “Comércio Serra Negra - entregas e delivery” (clique aqui), atualmente com 940 integrantes, entre os quais trabalhadores em home office, restaurantes, lanchonetes, pequenos comércios e lojas da cidade que oferecem produtos e serviços por meio de entregas, o "delivery", ou "drive thru". Muitos não têm loja física.

"Senti uma dificuldade por parte dos produtores da Feira Noturna em fazer o contato, porque a maioria não vendia de forma online”, diz a publicitária e idealizadora da página, Cristiane Ferreira Raimundo, proprietária do ateliê Encantato Convites e Papelaria.

A página foi desenvolvida com a finalidade de estimular vendas online e entregas em domicílio para evitar a circulação das pessoas na quarentena e também neste momento crítico de retomada lenta da economia.

Mas o espaço veio para ficar e os planos de Cristiane são também para o pós-pandemia. Sua ideia é transformar as vendas online em uma alternativa próspera e bem sucedida de vendas. A publicitária vê boas oportunidades de negócios em outras plataformas da rede, como o Instagram.

Alguns dos produtos à venda na página Comércio Serra Negra - entregas e delivery

“No Instagram é possível maior aproximação com o consumidor, mostrar o dia a dia da produção, expor com maiores detalhes os produtos e, o mais importante ao meu ver, há grande espaço para indicações”, afirma. “As pessoas gostam de postar e indicar os produtos que consomem”, explica.

Parcerias entre empresas locais e trabalhadores autônomos e produtores agrícolas, ela cita, também podem dar bons resultados. “Temos exemplos interessantes em relação a parcerias e cooperação, como as realizadas pelo Café Boteco e Lanchonete Americana, sendo elas sociais ou estratégias de vendas”, avalia.

Os recursos tecnológicos e as plataformas nas redes, a publicitária observa, são pouco explorados ainda pelos integrantes do grupo, como vídeos e "stories". O público do Facebook ainda está se adaptando com essas formas de divulgação e criação de estratégias de venda.

Para orientar os comerciantes, a página dispõe de um tópico com dicas para a montagem das publicações, no que se refere à informação sobre os produtos e serviços oferecidos, produção de fotos e até à criação de artes e banners.

O crescimento do grupo também tem suscitado novas ideias de promoção e divulgação, como “lives” e parcerias que estão sendo estudadas e avaliadas.

As vendas, no entanto, ainda evoluem de forma lenta, mas mais pelas dificuldades econômicas do país, que se arrastam há alguns anos, agravadas pela pandemia, do que pela adaptação dos comerciantes à tecnologia.

O consumidor ainda está contendo seus gastos. O setor com maior movimento de negócios é o alimentício, por se tratar de necessidade básica. Parte dos serranos está sem sair de casa ou saindo menos, o que acaba estimulando, ela avalia, as refeições prontas.

As postagens dos produtos, no entanto, também são atrativas e muitos consomem estimulados pela divulgação. “Os demais segmentos foram mais afetados e posso falar por conta própria, porque trabalho com eventos”, diz.

A retomada da economia, na sua avaliação, será cautelosa e o comércio online tende a crescer exponencialmente. “Em cidades maiores isso já é uma realidade, agora migrará para o Interior também”, afirma.

Há muitas vantagens para o consumidor, como comodidade, ela aponta, além de evitar aglomerações no pós pandemia. “Provavelmente, não mudará o norte do nosso comércio, mas ampliará em especial para os que não contam com loja física”, afirma.

A adesão das lojas há mais tempo estabelecidas no comércio de rua de Serra Negra ainda é pequena. Isso é reflexo, ela analisa, da dificuldade empresarial de sair da área de conforto e se adaptar ao novo, além do investimento financeiro necessário. “Mas é hora de nos reinventarmos”, afirma.

O sistema de "delivery", a publicitária avalia, é uma forma de agregar, não substituir o sistema tradicional de vendas, que é o presencial.

“Este é um momento de nos apoiarmos e espero que possamos crescer, nos fortalecer e prosperar e espero de alguma forma estar contribuindo para evitar a circulação de pessoas e apoiar o nosso comércio”, concluiu a publicitária.

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