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Fernando Pesciotta
O procurador-geral da República, Augusto Aras, tem feito uma série de ataques à Lava Jato. Entre outras coisas, disse que a força-tarefa é uma “caixa de segredos” e espionou ilegalmente 38 mil brasileiros. Líderes do PT no Congresso prometem recolher assinaturas suficientes para pedir a abertura de uma CPI para investigar os supostos abusos da operação.
Há que considere que Aras está agindo politicamente, para reduzir a independência do Ministério Público, isolar a chamada República de Curitiba e atingir o ex-juiz Sérgio Moro.
Nesta quarta-feira, 29 de julho, os presidentes do STF, Dias Toffoli, e da Câmara, Rodrigo Maia, defenderam quarentena de oito anos para ex-juízes ingressarem na política. Se aprovada, a medida impedirá Moro de disputar a eleição presidencial.
Quem acusa Aras de estar agindo politicamente deve entender do que está falando. Independentemente dos propósitos do PGR, a revelação feita por ele é mais uma a ratificar o quanto procuradores e o então juiz Sérgio Moro desobedeceram à Justiça. Eles criaram uma espécie de milícia judicial com claros objetivos políticos.
Todo mundo que acompanhou a operação de perto sabia que a Lava Jato tinha métodos ilegais. Porém, a ação da mídia para lhe dar popularidade acabou respaldando os crimes cometidos. A Lava Jato e a imprensa, apoiados pelo mercado financeiro e grupos de empresários, tinham objetivos em comum.
A principal estratégia de Moro consistia no que alguns advogados chamavam de tortura psicológica. Primeiro prende, nega todos os pedidos de habeas corpus e depois pressiona para que o acusado faça delação premiada. No texto era incluído o que ele sabia e o que ele não sabia. As delações em geral foram escritas pelos procuradores e assinadas pelos delatores.
No caso de Curitiba, a segunda instância agia em linha, e seus três integrantes nunca esconderam discursos politizados e contrários ao governo petista.
Até hoje se faz comparações com operações de combate à corrupção em outros países. Em todos esses casos, a promotoria foi dura contra os criminosos, mas manteve as empresas sadias, em condições de manter os empregos e os investimentos.
O exemplo mais notório é da alemã Siemens. Foi pega em delito de corrupção envolvendo governos do PSDB em São Paulo. Quando as autoridades de Munique começaram a puxar o fio, descobriram uma série de outros crimes cometidos pelos executivos. Eles foram punidos de acordo com a lei, mas a Siemens continuou uma potência.
No Brasil, empresas de ponta e com grande número de funcionários foram arruinadas. Os executivos que ajudaram Moro a tirar Lula da eleição já estão em casa e recebendo salários pelo serviço prestado. Os bancos, por onde teria circulado uma montanha de dinheiro da corrupção, não foram nem constrangidos pela força-tarefa. Fica claro que a Lava Jato tinha um objetivo.
Por falar em corrupção, o deputado Paulo Teixeira entrou com representação no MP do TCU pedindo a revogação do contrato de R$ 3 milhões da Petrobras com o advogado René Ariel Dotti. O contrato prevê outros pagamentos de R$ 80 mil a R$ 100 mil por prestação de serviço. Dotti é amigo de Moro e advogado de seu compadre.
Partido da Justiça
Dia 21 de julho, Fernando Haddad foi inocentado da acusação de ter usado caixa dois e ter usado dinheiro de corrupção na campanha à Prefeitura.
Oito dias depois, a Justiça Federal mandou arquivar a denúncia contra o ex-governador de Minas Gerais Fernando Pimentel. O tribunal acatou pedido do próprio MP, que alega não ter obtido provas da acusação de lavagem de dinheiro e de corrupção passiva.
Esses dois casos ilustram as consequências do clima instalado no País pela Lava Jato. Moro e os procuradores de Curitiba sabem bem do que estou falando.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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