//ANÁLISE// O Brasil que virou pária e motivo de chacota


Fernando Pesciotta

Durante pouco mais de uma década fui o responsável pela análise da imagem brasileira exposta pela mídia global e pelos usuários das redes sociais de todo o mundo. De modo geral, numa nota de zero a dez, a média sempre foi alta, e começou a ser afetada com a tentativa de afastamento de Dilma Rousseff.

O auge da popularidade brasileira foi no governo Lula, considerado “o cara” por Barak Obama. O País da inclusão e do crescimento era enaltecido pela mídia mais relevante do planeta.

A imagem brasileira sofreu um forte abalo com o processo que resultou no impeachment. Para grande parte da imprensa global, tratou-se de um golpe. Mas é sob Jair Bolsonaro que a vaca foi para o brejo.

O Brasil de 2020 é visto como pária do investimento internacional e motivo de chacota. É usado como mau exemplo até pelos maus governantes, como Donald Trump e Rodrigo Duterte. O filipino disse, na semana passada, que se tivesse seguido o caminho do Brasil no combate ao coronavírus, “estaria na merda”. Os bons líderes, como Angela Merkel, também já citaram o Brasil de forma pejorativa.

O Brasil não virou pária apenas do investimento, como disse neste final de semana o economista Pérsio Arida, liberal e um dos criadores do Plano Real. O País é sinônimo de demônio quando se fala em abertura de fronteira. A União Europeia começou a se abrir, mas não quer um brasileiro desembarcando por lá nem pintado de ouro. Até os EUA de Donald I Love You Trump estão nos esnobando.

Não se trata apenas de uma reação ao mau comportamento de Bolsonaro na pandemia. É um acúmulo de razões. A cada dia surge um fato novo que vai enchendo o copo.

Para citar os casos mais recentes, tem o ministro dizendo que a Amazônia é composta de Mata Atlântica, um ministro da Educação que foge e deixa o lugar para outro que defende a tortura de crianças. A Saúde, na mais dura crise da história brasileira, não tem um ministro efetivo, enquanto o presidente veta a obrigatoriedade do uso de máscaras.

Nos costumes, uma ministra sinistra, que deveria estar sob tratamento psicológico, quer gastar dinheiro numa campanha de abstinência sexual. Na Fundação Zumbi colocaram um racista e o presidente veta ajuda a populações indígenas.

O meio ambiente é destruído, o desemprego avança, o presidente é ligado a milicianos e age para protegê-los. Os militares se acomodam no poder e se lambuzam com verbas públicas, que também abastecem organizações criminosas instaladas dentro do Palácio do Planalto, ao lado do gabinete de generais, que apoiam essas ações criminosas ou se omitem, o que dá na mesma.

Como não ser motivo de chacota?

Para fazer frente à rápida destruição de uma reputação construída ao longo de anos, o governo sugere gastar mais alguns milhões com propaganda no exterior. Ações publicitárias só servem quando você tem um produto honrado para vender. Não é o nosso caso. Qualquer propaganda do Brasil de Bolsonaro seria enganosa.

Se você acha que estou exagerando, por favor liste nos comentários uma única área em que o Brasil tenha melhorado sob o controle desse grupo miliciano-fanático que se instalou no Planalto.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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