//ECONOMIA// "Jogaram uma bomba atômica no setor de serviços", diz analista


Fátima Fernandes

Há mais de uma década, o setor de serviços vem ganhando participação na economia brasileira.

Em 2019, os serviços atingiram a fatia de 63% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, de R$ 7,26 trilhões. Em 2005, essa fatia era de 56%.

É a consequência da expansão de academias, salões de beleza, lavanderias, restaurantes, oficinas de carros, empresas de tecnologia, entre outros.

A paralisação dos negócios por conta da pandemia do novo coronavírus levará o setor, excluindo o varejo e a administração pública, a encolher cerca de R$ 236 bilhões neste ano.

O cálculo foi feito pela equipe de economistas da MacroSector Consultores, considerando uma queda de 9% do PIB e de 9% dos serviços em 2020.

“Quando a contribuição do setor de serviços para o PIB encolhe, significa que há destruição de salários, lucros e impostos”, afirma Fabio Silveira, sócio-diretor da consultoria.

Como base de comparação, R$ 236 bilhões foi o valor aproximado do faturamento de todo o varejo paulista no ano passado.

Nos últimos dez anos, o PIB de serviços cresceu 1,5%, em média, ao ano. Entre 2000 e 2009, a média de crescimento anual foi maior, de 3,3%.

Mesmo em 2008, com a crise financeira nos Estados Unidos e seus efeitos no mundo, o setor cresceu 4,8%. Em 2007, a expansão chegou a 5,8%.

Uma queda de 9% neste ano, de acordo com Silveira, vai ter um efeito devastador na economia.

“É como se tivessem jogado uma bomba atômica por aqui”, diz.

A recuperação do setor de serviços, numa previsão mais otimista, de acordo com Silveira, deve levar três anos.

Mesmo que diminua o ritmo de contaminados e mortos pela covid-19, parte dos consumidores estará com medo de sair às ruas.

Academias, restaurantes, hotéis, barbearias estão tentando se adaptar aos protocolos de segurança para proteger funcionários e clientes.

Até que os consumidores se sintam seguros para frequentar novamente esses ambientes pode levar um tempo, de acordo com empresários do setor.

E este tempo ainda é difícil de projetar. Neste momento, os casos e as mortes por conta do novo coronavírus só crescem no país.

Os tapumes espalhados pelas ruas e shoppings  de todo o país durante a mais longa crise que o Brasil já enfrentou, a partir de 2014, deverão ser mais visíveis com a reabertura dos negócios.

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Fátima Fernandes é jornalista especializada em economia, negócios e varejo e editora do site Varejo em Dia

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