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Fernando Pesciotta
Como imaginado, a prisão de Fabrício Queiroz agita a imprensa, bomba nas redes sociais e eleva a temperatura nos bastidores políticos. Nem a prevista demissão do ministro da Educação, dentro da estratégia bolsonarista de tentar criar fatos que se transformem em cortina de fumaça, tirou o caso Queiroz do foco.
Várias observações, porém, fazem com que a prisão do ex-PM e ex-assessor da família Bolsonaro crie uma crise política de alto risco para o presidente. Ele próprio deu demonstrações de preocupação ao convocar ministros ao Planalto para tratar de um assunto que teoricamente não diz respeito ao governo. Afinal, Queiroz é investigado por supostas irregularidades alheias à gestão federal.
O Ministério Público do Rio de Janeiro acusa Queiroz, entre outras coisas, de ter pagado a escola e o plano de saúde das filhas de Flávio Bolsonaro em espécie. Há suspeitas também de ter recebido ao menos R$ 400 mil em depósitos feitos pelo por Adriano Nóbrega, também ex-PM que depois de preso, na Bahia, acabou morto, no começo deste ano.
Por sinal, Queiroz foi preso na casa de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro, o que inclui o próprio presidente da República, e, surpresa, era advogado também de Adriano Nóbrega. Na véspera da prisão de Queiroz, Wassef esteve reunido com Bolsonaro no Planalto.
Queiroz, sua esposa e filha trabalharam para Bolsonaro, suspeitamente como funcionários-fantasma. Queiroz pagou contas particulares de Flávio Bolsonaro, para quem também trabalhou para desviar recursos públicos, segundo acusa o Ministério Público, no esquema chamado de rachadinha. Queiroz recebeu dinheiro “emprestado” de Bolsonaro, recebeu dinheiro de Adriano Nóbrega, pagava contas da família Bolsonaro e todos são suspeitos de integrarem a milícia.
Wassef, por sua vez, advoga para ao menos um miliciano. Por que o presidente o contrata? Wassef, suspeita-se, estaria envolvido na criação do partido que Bolsonaro gostaria de ter e no financiamento do esquema de fake news comandado por Carlos Bolsonaro de dentro do Planalto, como suspeita o Supremo Tribunal Federal.
É preciso desenhar? O círculo começa a ficar bem fechado. Tanto assim que nem o esquema de robôs está dando conta de tirar a predominância das citações críticas de Bolsonaro nas redes sociais. Seus apoiadores se dividem entre permitir que Flávio Bolsonaro pague pelos supostos crimes, lembrar “e o PT?” e o silêncio.
Seja como for, levar a discussão do assunto para dentro do Planalto é uma forma de assumir que o caso Queiroz atinge o governo, embora oficialmente não tenha nada a ver com o governo.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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