//COMÉRCIO// Bom Retiro já perdeu R$ 400 milhões com a pandemia



Fátima Fernandes 

Um dos maiores polos de moda do país, localizado no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, deixou de faturar pelo menos R$ 400 milhões desde o início da quarentena até agora.

Se o fechamento do comércio não essencial persistir por dois meses, este número pode chegar a R$ 1 bilhão.

Essa é a estimativa feita pela CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) do Bom Retiro com base no número de lojas (1.200) e média estimada de receita mensal de cada uma delas (R$ 350 mil).

Boa parte dos lojistas do bairro também é fabricante de roupas e somente 30% a 40% deles trabalham com e-commerce.

“Ainda não tive notícia do fechamento definitivo de lojas, mas uma parte dos lojistas suspendeu o contrato de trabalho por 60 dias”, diz Nelson Tranquez, presidente da CDL.

“Tem lojista sem condições de voltar, pois já sabe que, quando puder abrir a loja, o consumo vai continuar devagar.”

Desde a crise econômica iniciada em 2013, diz ele, os lojistas do bairro sofrem com o consumo mais reprimido.


Aquele número de 80 mil pessoas, em um único dia, circulando pelo bairro, nos tempos que a economia ia bem, ficou somente na memória.

Um respiro foi registrado no fim do ano passado em razão da Black Friday. Logo em seguida, as vendas continuaram em ritmo lento.

A boa notícia para os lojistas é que os donos dos imóveis concederam descontos de até 50% nos preços dos aluguéis em março, o que deve se repetir neste mês.

“Os proprietários dos imóveis entenderam que se eles perdem o inquilino não vão achar outro tão rapidamente em meio a esta pandemia”, afirma Tranquez.

Muitos contratos de lojistas que estavam para vencer em março, abril e maio também foram prorrogados por seis meses.

O fechamento das lojas como medida para conter a expansão do novo coronavírus deverá acelerar o processo de venda online dos lojistas.

Os marketplaces surgem como uma boa oportunidade, diz ele, para os empresários que estão mais descapitalizados.

A Loony Jeans, com loja na Rua José Paulino, está com toda a coleção de outono e inverno pronta para ser comercializada.


Com produção própria, a Loony emprega cerca de 150 pessoas na fábrica e em três lojas. Uma parte deles está em férias e outra teve o contrato de trabalho suspenso, sem remuneração.

A confecção aguarda definições de governos sobre a volta do funcionamento do comércio para tomar decisão sobre o retorno dos funcionários e em que condições.

“Na semana que vem, deveremos ter uma posição sobre o que será feito”, diz Tranquez, gerente comercial da Loony.

De acordo com ele, neste momento, nem a venda online, que representava cerca de 10% do faturamento da confecção, está indo bem.

“Quem tem ânimo para comprar roupa se nem pode sair de casa?”

Fátima Fernandes é jornalista especializada em economia, negócios e varejo e editora do site Varejo em Dia

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