- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
O impacto da pandemia da Covid-19 na economia do município foi um dos principais assuntos abordados pelos vereadores da Câmara Municipal de Serra Negra, na última sessão da casa, segunda-feira, 23 de março.
O fechamento de todo o comércio é avaliado com desconfiança por alguns vereadores, que dizem que no médio prazo seus efeitos podem ser mais nocivos à economia do que à saúde da população.
Os legisladores municipais, no entanto, foram unânimes em reconhecer que a Prefeitura de Serra Negra saiu na frente dos municípios da região e do próprio governador João Doria (PSDB) ao criar o Decreto nº 5.029, na quinta-feira passada.
Em vigor desde 20 de março, o decreto resultou no fechamento de praticamente todo o comércio serrano, incluindo as lojas da Coronel Pedro Penteado, principal rua comercial do município, e de bares, restaurantes e lanchonetes.
O vereador Edson Marquezini (PTB), líder do governo, elogiou as ações preventivas municipais, mas considerou as medidas em relação ao comércio muto “agressivas”.
Ele citou o publicitário e apresentador Roberto Justus, que em vídeo viralizado nas redes sociais, disse considerar pequeno o número de mortes no mundo (15 mil, segundo ele) em relação ao número de casos de coronavírus registrado (300 mil, segundo Justus) e a população mundial de 7 bilhões de pessoas.
“Roberto Justus citou o sorveteiro que disse a ele que não adiantava não morrer de coronavírus e morrer depois de fome”, ressaltou Marquezini. O vereador comparou o número de habitantes no Brasil, que ultrapassa os 200 milhões de pessoas, às 35 mortes oficiais anunciadas até a noite de segunda-feira.
“O índice de mortes é muito pouco”, avaliou o vereador. Ele disse ainda que baseia seus argumentos em dados de um especialista que diz que o Brasil deve ficar entre 2,5 mil a 3,5 mil mortes. “Nada comparado à Itália”, afirmou.
Suspender as atividades de teatro, campo de futebol, cinema, reuniões, missas, cultos e grandes aglomerados de forma geral já seria, segundo Marquezini, medida suficiente para prevenir a disseminação de coronavírus e evitar o colapso econômico.
Ele citou também dados que circulam nas redes sociais sobre previsão de aumento de desemprego para os próximos meses, que pode saltar de 12 milhões de pessoas para 40 milhões de trabalhadores sem emprego.
“A nossa economia estava decolando e de repente vamos passar por um momento desses, em que vamos levar anos e anos para recuperar”, afirmou o vereador.
Marquezini questionou se os comerciantes da Rua Coronel Pedro Penteado vão sobreviver e suportar, por exemplo, arcar com o custo dos aluguéis.
“Estamos numa cidade pequena, mas é uma agressividade, uma brutalidade, uma violência”, afirmou. De qualquer forma, segundo ele, quem vai pagar a conta mais pesada é o trabalhador. O empregado, na sua opinião, vai ficar sem salário.
“O empresário vai salvar o dele. Se tiver R$ 2 mil na mão, ele paga o empregado ou faz a compra de comida para a casa dele?”, perguntou o vereador. Para Marquezini, os empresários vão deixar o problema estourar na Justiça do Trabalho.
“Não vai pagar o empregado, vai deixar para a lei trabalhista, o advogado dele vai lá brigar porque no seu livro de contabilidade não terá lançamento de venda”, concluiu.
Depois de parabenizar a prefeitura pelo decreto, Ricardo Fioravanti (PDT), da oposição, se disse preocupado com a expectativa de que o fechamento do comércio se mantenha por maior tempo.
“Se se alastrar por dois ou três meses veremos muito mais gente quebrada do que doente”, afirmou. Assim como Marquezini, o vereador citou as previsões pessimistas que estimam um salto no número de desempregados de 12 milhões para 40 milhões nos próximos meses.
Fioravanti disse que antes mesmo da decisão da Prefeitura, a rede hoteleira já vinha registrando elevado número de cancelamentos de reservas para as principais datas do calendário turístico da cidade, como a Semana Santa, e eventos, como o Encontro Brasileiro de Autos Antigos e o Motorcycle.
“O inverno é a safra da região inteira, é o período durante o qual muita gente consegue equilibrar as contas”, salientou. Ele lembrou que a economia já estava estagnada e que a situação pode piorar.
“Pequenos e médios comerciantes vão ficar sem condições de arcar com suas responsabilidades”, afirmou. “Serra Negra saiu na frente, as pessoas têm de ficar em casa e passar essa onda sem casos, mas estou assustado com o que pode acontecer mais à frente”, acrescentou.
Outros vereadores como, Leandro Gianotti Pinheiro (PV), se mostraram mais preocupados com a gravidade sanitária da pandemia. Se os municípios e depois até mesmo o governador João Doria adotaram medidas extremas em relação ao comércio para conter a pandemia, ele avalia, é porque a situação pode ser até mais grave do que oficialmente tem sido divulgado pela mídia.
“Quando o Atílio, do departamento jurídico, disse que chorou porque não sabia o que fazer, acho que foi a melhor medida tomada”, avaliou Pinheiro. Segundo ele, empresários, trabalhadores assalariados, profissionais autônomos e funcionários públicos têm de ter empatia e se colocar um no lugar do outro para que a cidade encontre a melhor solução.
Tanto o comércio fechado como o que se mantém aberto para garantir os serviços e produtos essenciais, segundo ele, vão sentir consequências econômicas. “Quem está aberto não sabe se vai conseguir repor as mercadorias sem reajuste de preço”, afirmou.
O vereador da situação Renato Giachetto (DEM) evitou comentários sobre as medidas de fechamento do comércio. Enfatizou a importância da quarentena pela população e lembrou que as pessoas que empregam e contratam funcionários domésticos ou para qualquer outro serviço deveriam manter os salários e os pagamentos para garantir a sobrevivência desses trabalhadores.
Algumas medidas de incentivo aos trabalhadores, no entanto, serão solicitadas pelos vereadores à prefeitura, como o pagamento de adicional de insalubridade de 40% para os funcionários da saúde e antecipação do pagamento dos servidores municipais, sugeridos pelo vereador Edson Marquezini, além da alteração dos horários de ônibus para melhor atender a população e reduzir custos, sugerido por Pinheiro.
Os vereadores pretendem ainda encaminhar uma moção de apelo ao Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a liberação do Fundo de Garantia (FGTS) para aquecer a economia.
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Comentários
Postar um comentário
Os comentários são bem-vindos. Não serão aceitos, porém, comentários anônimos. Todos serão moderados. E não serão publicados os que estimulem o preconceito de qualquer espécie, ofendam, injuriem ou difamem quem quer que seja, contenham acusações improcedentes, preguem o ódio ou a violência.