//OPINIÃO// O aprendizado pelo gosto amargo


Salete Silva

Uma salva de palmas e muitos vivas aos trabalhadores que não podem parar e dos quais dependem vidas e a manutenção dos serviços essenciais de Serra Negra.

Médicos, enfermeiros e pessoal da saúde de forma geral podem encabeçar a lista deste nobre exército, mas de nada adiantaria seus esforços sem o pessoal da limpeza, como os lixeiros, e os empregados dos estabelecimentos comerciais que não param: supermercados, padarias, quitandas e todos os que vão garantir a alimentação dos serranos nos próximos dias.

Que a todos seja oferecida segurança máxima para evitar contaminação. Se adoecerem o que será de nós, pobres serranos, aos quais coube apenas ir para casa, ficar com a família e esperar o pior passar?

Precisamos deles para garantir a tranquilidade em casa enquanto aguardamos o momento de retomar as atividades. Além de segurança, por que não uma compensação financeira para o pessoal que atua na linha de frente dessa guerra de inimigo invisível a olho nu?

A julgar pelo que constato da varanda de meu apartamento e da rápida circulação de carros pelas ruas da cidade, Serra Negra saiu na frente do governo do Estado de São Paulo, que inicia só nesta terça-feira, 24 de março, a quarentena oficial.

O esforço conjunto da sociedade serrana, incluindo as autoridades, técnicos das áreas de saúde e sanitária, e iniciativa privada, colocou Serra Negra anos luz à frente do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que nas últimas entrevistas evidenciou sua preocupação em preservar interesses econômicos em detrimento da vida.




Independentemente de ideologias políticas, o momento é de unir forças para que ao contrário do que se tem apregoado nos últimos anos, possamos ter um Estado máximo que interfira nas questões públicas e privadas a favor do cidadão brasileiro.

Que o Estado seja forte para colocar em pleno funcionamento o Sistema Único de Saúde (SUS), um dos poucos no mundo a contemplar indiscriminadamente toda a sociedade, e que reúne o mais eficiente e capacitado corpo de profissionais.  

Um Estado forte que use os recursos públicos, aliás as reservas de mais de US$ 300 bilhões deixadas por governos anteriores, para fazer distribuição de renda e amenizar o impacto da inevitável crise econômica, em especial entre os mais pobres, que vão necessitar de políticas públicas e programas sociais, como o Bolsa Família, que, até recentemente, foram alvo de críticas dos brasileiro.  

O coronavírus, que fará milhares, senão milhões de vítimas, poderá ser uma amarga oportunidade de aprendizado e de reflexão sobre as escolhas políticas e econômicas feitas nas últimas décadas por nações do mundo inteiro, entre elas o Brasil. 

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