- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Carlos Motta
O decreto determina a suspensão do atendimento presencial dos estabelecimentos comerciais, com algumas exceções: farmácias, supermercados e similares, lojas de conveniência, padarias...
Marquezini baseou sua crítica nos argumentos amplamente divulgados por empresários bolsonaristas e pelo próprio presidente da República: os efeitos de uma paralisação da economia, consequência do período de isolamento da população para evitar uma explosão do contágio pelo coronavírus, serão mais prejudiciais ao país do que a pandemia em si.
Segundo tal raciocínio, haverá uma quebradeira geral, enorme aumento do desemprego e comoção social em decorrência das medidas de confinamento da população. “O índice de mortes é muito pouco”, avaliou o vereador, usando informações de que o Brasil deve ter entre 2,5 mil a 3,5 mil mortes provocadas pelo covid-19. “Nada comparado à Itália”, afirmou.
Segundo ele, quem vai pagar a conta mais pesada é o trabalhador. O empregado, na sua opinião, vai ficar sem salário. “O empresário vai salvar o dele (...) Não vai pagar o empregado, vai deixar para a lei trabalhista", disse.
O vereador Ricardo Fioravanti (PDT), de oposição ao prefeito Sidney Ferraresso (DEM), concordou com Marquezini: “Se a pandemia se alastrar por dois ou três meses veremos muito mais gente quebrada do que doente (...) Pequenos e médios comerciantes vão ficar sem condições de arcar com suas responsabilidades”, afirmou.
Há que se respeitar o discurso dos dois - afinal, o Brasil é uma democracia, dizem.
Mas há, antes de mais nada, de se respeitar a lógica.
O comércio da Rua Coronel Pedro Penteado e vias transversais é inteiramente voltado para os turistas - e eles não só não estão mais vindo à cidade, como deixarão de visitá-la por um bom tempo. O restante das atividades comerciais de Serra Negra vive dos negócios com seus moradores, que, em grande parte, têm se isolado do convívio social.
Dessa forma, por que deixar o comércio aberto, se não há consumidores nas ruas?
Por que expor os funcionários à contaminação?
Não custa nada lembrar que o coronavírus surpreendeu pela velocidade de transmissão e que uma pessoa contaminada pode passá-lo para mais dez, que passarão para tantos outros, numa progressão geométrica.
É certo que os micros, médios e pequenos empresários vão sofrer nesta crise.
Eles, porém, têm mais recursos para atravessar estes tempos tormentosos que os seus funcionários. E são muito mais fortes do que aqueles que vivem de bicos, sem carteira assinada, e do que aqueles que estão desempregados.
Não há solução fácil para essa equação - salvar vidas ou salvar a economia? -, e se há, ela teria de vir do Estado, que tem por obrigação cuidar do bem-estar da população.
Mas é perfeitamente possível, se os governos municipal, estadual e federal tiverem vontade de achar uma fórmula que preserve a vida e a economia.
A economia é uma invenção do homem, não o contrário.
Sem o homem, não há trabalho. Sem trabalho, não há riqueza, não há nenhuma atividade econômica.
Hoje, mais que nunca, é preciso ser racional.
Ser lógico.
Ser lógico.
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Comentários
Postar um comentário
Os comentários são bem-vindos. Não serão aceitos, porém, comentários anônimos. Todos serão moderados. E não serão publicados os que estimulem o preconceito de qualquer espécie, ofendam, injuriem ou difamem quem quer que seja, contenham acusações improcedentes, preguem o ódio ou a violência.