//ECONOMIA// Incertezas dificultam previsão de retomada do setor imobiliário

Bragatto: “Quando a economia melhora, tudo melhora"


Salete Silva

Os negócios do setor imobiliário em Serra Negra vinham aquecidos desde junho do ano passado, mas esfriaram em fevereiro. As incertezas econômicas dificultam uma previsão de retomada.

Fim de férias e Carnaval podem justificar a retração, mas as vendas e a locação de imóveis para os próximos meses serão retomadas se não houver “atropelos” na economia, segundo José Carlos Bragatto, da Bragatto Imóveis.

“Sou muito otimista, não sou pessimista e acredito que as coisas vão melhorar”, afirma. Há 32 anos atuando no mercado imobiliário serrano, Bragatto diz que a melhor época para o setor são os meses de inverno, quando há mais turistas na cidade.

Mas o nível de atividade imobiliária ao longo deste ano, ele avalia, vai depender da condução da política econômica.

Assim como revelam alguns indicadores da economia, entre os quais o da indústria, que oscilou para cima em meados de 2019, mas voltou a cair no fim do ano, o do setor imobiliário em Serra Negra começou a dar sinais de recuperação em junho de 2019.

“A partir de então, deu uma melhorada boa e terminamos o ano bem”, afirma Bragatto.

Sua empresa fechou vários negócios, em especial de imóveis no valor de até R$ 350 mil. “Acima disso é mais difícil”, observa.

O perfil dos interessados em adquirir imóvel em Serra Negra mudou nos últimos anos. Até um tempo atrás, a maior parte adquiria apartamento ou casa na cidade para lazer, férias e feriados.

Agora, os interessados são em geral aposentados que querem deixar grandes cidades ou a capital para fixar residência por aqui. Para isso, precisam vender ou trocar seu imóvel.

O mercado imobiliário no país se aqueceu em 2019 em relação a 2018. O Produto Interno Bruto (PIB) do setor superou o PIB do Brasil. 

No terceiro trimestre do ano passado, o crescimento foi de 1,3%, duas vezes maior que o PIB nacional (0,6%), segundo pesquisa da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias.

O maior crescimento, no entanto, foi o de lançamentos do segmento de médio e alto padrão que, no segundo trimestre de 2019, havia aumentado 20%, enquanto os lançamentos de imóveis de baixa renda tiveram crescimento de apenas 11%.

A redução da taxa Selic para menos de 5% ampliou a oferta de crédito e ajudou a aquecer o setor e a impulsionar as vendas em municípios, entre os quais os do Litoral Paulista, como Guarujá e Santos, além da capital, de onde vem, segundo Bragatto, a maior parte dos interessados em residir em Serra Negra.

“Quando a economia melhora, tudo melhora. Conseguiram vender lá e compram aqui”, afirma.

A taxa de juro menor também estimulou os negócios entre investidores serranos. O investimento em imóvel, Bragatto explica, passou a ser para alguns mais rentável do que as aplicações financeiras.

O mercado de locação, no entanto, continua patinando, tanto no setor comercial quanto no residencial.

No comercial, a economia estagnada, segundo Bragatto, torna o aluguel caro para o locatário interessado em abrir um negócio, e baixo, no entanto, para o comerciante que precisa se desfazer de um ponto comercial valorizado na cidade.

“Em relação ao imóvel comercial, costumo dizer que para quem paga é muito e para quem recebe é pouco”, afirma.

As incertezas, em especial no mercado de trabalho, são o principal empecilho no setor de locação residencial.

Apesar da reclamação frequente do custo dos aluguéis pelos locatários, Bragatto avalia que o valor ainda está abaixo do mercado e do que é cobrado em cidades vizinhas.

“Uma casa alugada aqui por R$ 600, em Amparo não sai por menos de R$ 1,2 mil”, compara. O problema, ele aponta, é a falta de fiador.

O mercado de trabalho está muito instável e os empregados não têm garantia de permanência no emprego nem fiador para garantir a falta de pagamento.

Além de trabalhadores em lojas e pequenas indústrias do município, há muitos locatários interessados trabalhando na informalidade. “Em nenhum caso há estabilidade”, afirma.

A situação de Serra Negra, Bragatto avalia, segue tendência nacional. “Isso é geral. Não é um problema específico da cidade", analisa. A administração municipal, ele avalia, faz o que é de sua alçada.

“Se tenho um bueiro com problema, em vez de colocar no Facebook, vou no setor público e resolvo”, afirma. O setor, segundo ele, depende mesmo é de união e trabalho conjunto entre os empresários.

“O segmento imobiliário é muito desunido”, diz. “Se trabalhássemos o marketing da cidade, por exemplo, poderíamos divulgar melhor Serra Negra e atrair mais pessoas interessadas em adquirir ou alugar um imóvel por aqui”, conclui. 






     

Comentários

  1. Temos que acreditar que todos os setores iram melhorar sim , estamos trabalhando muito para isso bons empresários por todo o Brasil vem buscando alavancar a nossa economia , no meu setor industria textil estamos engatinhando depois de tantos desmando dos empresariado do setor com uma um comercio abusivo de anos vindo da China . Excelente seu artigo Bragatto.

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