//OPINIÃO// Violência se combate com emprego e renda


Salete Silva

Serra Negra teve mais um dia de violência que assustou a população. Bandidos invadiram um prédio residencial e comercial e fizeram empresários reféns.

O episódio teve um fim feliz com a prisão dos invasores e reféns ilesos, mas acirrou entre a população o receio de que os casos de violência se tornem cada vez mais frequentes.

Além de colocar em risco a vida dos serranos e tirar a paz da pacata cidade, o aumento da violência pode afugentar visitantes e prejudicar o movimento turístico, principal fonte de renda do município.

Nas redes sociais e grupos de Whatsapp, o cidadão clamava por medidas municipais mais rigorosas de segurança e policiamento nas ruas da cidade.

O aumento da violência, no entanto, não é exclusivo de Serra Negra nem tampouco decorrente apenas da ausência de medidas de segurança pública no município.

No primeiro ano de governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) houve uma queda no índice de mortes violentas nos oito primeiros meses.

O número de homicídios, latrocínios e lesões corporais caiu de 34 mil em 2018 para 27,5 mil em 2019. O governo Bolsonaro apresenta esses dados como resultado de seu trabalho na área da segurança.

Mas o próprio ministro da Justiça, Sérgio Moro, atribui parte da redução da queda dos índices de violência a medidas adotadas por Estados e pelo ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública, Raul Jungmann, em 2017

Essas medidas estaduais e do governo Temer começaram a fazer efeito em 2018, quando se iniciou a tendência de declínio das taxas de homicídios no país.

As iniciativas na área de Segurança Pública são essenciais para reduzir a criminalidade, mas os índices de violência não vão perder força, nem em Serra Negra nem em qualquer outra parte do país, sem crescimento econômico sustentável e enfrentamento dos problemas sociais, da miséria e da pobreza.

E isso não será tarefa fácil.  No fim da reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos, na semana passada, as perspectivas econômicas não eram animadoras para o mundo nem para o Brasil.

O país poderá até apresentar melhores resultados do que outras economias da América Latina, mas sem perspectivas de crescimento duradouro, segundo a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath.

O desenvolvimento econômico permanente é que melhora os indicadores sociais e reduz a violência. Os prognósticos de líderes empresariais brasileiros também não indicam expansão dos negócios.

Pesquisa realizada entre os CEOs e divulgada em Davos revela que 78% deles esperam faturamento maior em 2020.

Mas a maioria dos chefes de empresas deseja alcançar esse aumento de receita com crescimento orgânico, ou seja, de forma gradativa e estratégica sem expansão por meio de aquisição e fusão de empresas.

Isso significa que as companhias brasileiras não estão planejando investimento para expandir suas capacidades este ano. A ociosidade fabril ainda é alta e a produção está estagnada.

Serra Negra está inserida nesse cenário nacional e mundial e terá de encontrar estratégias empresariais para criar empregos, gerar renda e melhorar os indicadores econômicos e sociais.

Este é o único caminho para evitar de forma efetiva que atos de violência, como o registrado nesta segunda-feira, se tornem rotineiros.



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