//OPINIÃO// É tão difícil termos 600 lojas iluminadas?


Carlos Motta

O presidente do novo Conselho Municipal de Turismo (Comtur), Achiles Mantovani Neto, na longa entrevista que deu ao Viva! Serra Negra enfatizou a importância de a cidade contar com uma escola técnica ou faculdade de hotelaria e turismo. A formação de mão de obra para o setor, informou, tem sido responsabilidade dos próprios empresários. Isso certamente não é, nem de longe, o ideal, já que impossibilita o ensino uniforme e mesmo completo de tudo o que é necessário para o cumprimento adequado das funções específicas de profissões ligadas a essa importante área social e econômica.

Claro que trazer para a cidade uma escola técnica ou uma faculdade não é tarefa fácil. Exige, antes de mais nada, vontade. É preciso que a comunidade como um todo saiba da importância - e da necessidade - dessa medida, abrace a ideia e pressione quem pode ajudar nessa conquista.

O Poder Público, óbvio, tem de ser o timoneiro dessa empreitada, pois é ele que pode, mais facilmente abrir as portas que levam aos salões oficiais onde demandas menores ou maiores que essa são resolvidas. 

No caso de Serra Negra ele tem essa tarefa facilitada, pois pode oferecer uma contrapartida de grande peso, que é o imóvel para o funcionamento dessa instituição: trata-se do Grande Hotel Serra Negra, cuja sentença de reintegração de posse já foi exarada. Segundo informou a assessoria de imprensa da prefeitura, o cumprimento da sentença foi protocolado e o Executivo agora aguarda o despacho do juízo para, depois que o imóvel for de fato retomado, definir a sua destinação. 

Fica aqui, portanto, a sugestão: que tal uma escola técnica ou faculdade de turismo e hotelaria onde hoje é o Grande Hotel Serra Negra? Não vale a pena a cidade se unir para que isso ocorra? 



A necessidade da união dos setores empresariais de Serra Negra - hotelaria, comércio, agricultura, indústria - com o Poder Público, para que a cidade retome a rota de desenvolvimento econômico por meio do turismo, que é a sua vocação natural, foi outro ponto destacado por Achiles Mantovani Neto em sua entrevista.

Isso deve servir não só para o caso específico de, se a comunidade quiser, trazer para cá uma instituição de ensino, mas para tudo pertinente à melhoria das condições de vida dos cidadãos serranos. Esse "tudo" inclui coisas pequenas, ações que podem ser confundidas como corriqueiras, mas que, se feitas em conjunto, têm um impacto considerável na vida de todos.

Como, por exemplo, decorar a fachada das lojas do Centro, visitadas por milhares de turistas principalmente nesta época do ano. 

A prefeitura bem que tentou estimular os comerciantes para isso: mandou a eles uma correspondência com esse pedido. O resultado foi pífio. A grande maioria ignorou a solicitação, não quis investir algumas dezenas de reais na compra de um jogo de luzes coloridas.

Essa atitude é típica de quem não está nem aí para o coletivo e age justamente de modo oposto ao que prega o novo presidente do Comtur. Como ele disse em sua entrevista ao Viva!, "acostumar com o sucesso é fácil, acostumar com o insucesso também, aqueles que são dotados de zona de conforto baixa, pensam assim: 'O turista vai vir mesmo, por que gastar dinheiro para comprar uma luzinha?'"

Ele continua: "Essa cultura tem de mudar. Imagine se todos tivessem colocado na sua fachada uma luzinha... Unir os setores é o que falo desde que cheguei aqui (...) Então é aquela velha frase: a união faz a força. Se todo mundo se unisse, todo mundo colocava as luzinhas. E seriam 600 lojas iluminadas."

Pois é. Imagine só a Rua Coronel Pedro Penteado toda iluminada. Só quem passa por lá à noite e sente a melancolia das portas fechadas e vitrines descoloridas sabe como isso seria importante para todos na cidade.




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