//EDUCAÇÃO// Dia da Família, dia de festa nas escolas

A festa na Escola Municipal de Educação Infantil Professora Aracy Patrício.

Salete Silva              

Setembro é agora o mês da família em Serra Negra. As escolas municipais trocaram o Dia dos Pais e Dia das Mães pelo Dia da Família. Na última semana, pais, mães, avós, avôs, tios, primos, irmãos e cuidadores participaram de apresentações e atividades realizadas pelas creches e escolas municipais.

Num clima de fraternidade, as famílias celebraram o amor que os une, seja por laços consanguíneos ou afetivos. De início nem todos os pais e serranos de forma geral compreenderam o objetivo da mudança anunciada no semestre passado, quando pela primeira vez as escolas municipais de Serra Negra deixaram de comemorar o Dia das Mães.


Daniel mudou de ideia sobre
a data: "É bom que haja mais esclarecimentos,
para que a população entenda"
“Acho que o principal motivo foi incluir as famílias homossexuais que têm filhos”, afirmou Daniel Costa de Paula, que ao lado da esposa Gabriela Camargo e do sobrinho Eduardo, participaram, no dia 25 de setembro, quarta-feira, da Festa da Família da Escola Municipal de Educação Infantil Professora Aracy Patrício.

A observação de Daniel reflete o pensamento de parte dos que em princípio ficaram meio contrariados com a mudança, que visa também promover a inclusão social das famílias, independentemente de sua composição.

O objetivo da mudança, segundo a prefeitura, é promover a integração entre as famílias e as instituições de ensino, considerando as mudanças que vêm ocorrendo nos últimos anos, com a diversificação de orientação, conceitos, costumes, hábitos e religião, entre outros.


Professora Lúcia:
trauma na infância
Mas a mudança vai além. Os relatos, como o da professora Maria Lúcia Cazotti, da Escola Professora Aracy Patrício, revelam o impacto emocional e os prejuízos na vida da criança que podem causar a ausência do pai ou da mãe nas festinhas da escola.

“Quando soube que trocariam Dia dos Pais e das Mães pela Festa da Família fiquei muito feliz”, comemora Lúcia, cuja mãe faleceu quando ela tinha apenas nove anos e três meses antes do Dia das Mães.

“Perdi minha mãe em fevereiro e em maio, quando seria comemorado o Dia das Mães, minha classe iria fazer um presente em sala de aula para entregar para as mães. A professora simplesmente me disse que eu não precisava ir para a escola no dia seguinte quando o presente seria confeccionado. Foi muito traumático para mim”, recorda-se.

Lúcia naquele dia foi embora triste para casa e não voltou mais à escola. “A professora não fez por mal, acho que quis me preservar, mas fiquei tão arrasada que por dois anos não voltei mais à escola”, lembra.

Hoje, Lúcia que deu a volta por cima, estudou e  se formou professora, se coloca no lugar de seus alunos que não têm pai ou mãe ou que, se têm, são ausentes.

“A Festa da Família é o ideal de comemoração. A melhor coisa foi essa mudança. Tem criança que só vive com o pai ou só com a mãe ou com os avós e eles também vão poder receber esse carinho.”


Patrícia diz que Benjamin ficava
ansioso nas festas em
que o seu pai não comparecia
Para ela, é preciso divulgação e informações sobre o assunto. Patrícia Viviane Sambo, mãe de Benjamin, 6 anos, concorda com a professora.

“Festa da Família é muito melhor, porque não é sempre que a criança tem a mãe ou o pai e às vezes é o avô e avó quem cuida. Na Festa da Família, a criança não sente falta de quem está ausente”, afirma.

Benjamin, cujo pai não mora em Serra Negra, segundo ela, ficava ansioso nas festas em que o pai não comparecia. O menino fazia muitas perguntas sobre o pai e com a Festa da Família, a mãe salienta, ficou mais tranquilo porque não se sentiu diferente das outras crianças.

As escolas, segundo ela, deveriam também deixar de confeccionar presentes para pais e mães. Para homenagear e integrar as famílias, cada escola fez uma programação específica com atividades dirigidas aos familiares, entre elas shantala, contação de histórias, mensagens sobre valores, oficinas de artes e desenhos.

No fim do evento, depois da apresentação e das atividades na escola da filha, Daniel começou a rever sua opinião: “É bom haver mais esclarecimento para que a população entenda melhor “, concluiu.

Para a professora Lúcia ainda há mudanças necessárias na sociedade para beneficiar as crianças, como uma lei que permita que os pais e responsáveis possam deixar pelo menos uma hora de trabalho para participar dos eventos escolares.

Mesmo com as mudanças para beneficiar os pequenos, nem sempre os familiares aparecem. Algumas crianças participaram sozinhas das atividades porque ninguém da família compareceu ao evento.

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