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José Luiz Gomes Machado: salários dos comerciários em Serra Negra são altos demais |
As vendas de inverno superaram as de igual período do ano passado, mas ficaram abaixo das expectativas dos lojistas para esta temporada, segundo o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Serra Negra (ACIA), José Luiz Gomes Machado.
Embora a cidade tenha recebido nessas férias cerca de 400 mil turistas, de acordo com estimativas divulgadas pela administração municipal, o consumidor de forma geral conteve os gastos e comprou, de acordo com Machado, apenas o necessário. “Comprou só para a família e não levou presentes”, relata.
Os lojistas não conseguiram liquidar os estoques de inverno, como ocorria anos atrás, nem com as promoções nos últimos dias. “As lojas estavam acostumadas a receber turistas que saíam com sacolas levando presentes para o primo, o tio, a família toda”, afirma.
A queda da temperatura, que colocou Serra Negra entre as três cidades turísticas mais frias, como Campos do Jordão e Monte Verde, foi o principal fator de atração de turistas, na opinião de Machado. Ele diz basear essa sua observação em depoimentos dos visitantes.
O Festival de Inverno, ele destaca, também foi muito bom e atraiu turistas. O movimento menor do que o esperado, ele analisa, é consequência da crise econômica prolongada.
Suas expectativas para o segundo semestre não são muito otimistas. Com baixo movimento nos fins de semanas a partir deste mês, o comércio, ele lembra, fica esperando os feriados prolongados para garantir o faturamento.
Este ano, no entanto, dois dos principais feriados do segundo semestre, 7 de Setembro e 12 de Outubro, caem no sábado. A política econômica do governo federal, na sua opinião, não prevê medidas capazes de reverter a estagnação econômica no curto ou médio prazo.
O desemprego, Machado aponta, é o principal problema não só para o país como para a cidade. Faltam medidas para estimular as contratações. Em Serra Negra, a intervenção de sindicatos patronal e de trabalhadores, na sua avaliação, dificulta a criação de empregos.
As negociações entre os líderes sindicais das duas partes resultam, segundo ele, em salários elevados para a realidade do município, que impedem o comércio de fazer mais contratações.
Para Machado, os salários pagos são altos e oneram os custos das lojas. O sindicato patronal é de Itapira e faz as negociações com base na média paga nas cidades da região. Um nível salarial bom para os empresários de Itapira, por exemplo, não necessariamente é bom para Serra Negra, ele explica.
"Se o salário mínimo garante
a sobrevivência, então
acho que o seu valor não
deveria ultrapassá-lo tanto assim”
O piso salarial das lojas, bares e restaurantes, segundo Machado, gira em torno de R$ 1,2 mil a R$ 1,4 mil. “Imagino que um salário um pouco menor elevaria as contratações, porque os benefícios criados por pressão dos sindicatos fazem com que o valor do salário seja alto."
Ele calcula que um piso salarial de R$ 1,4 mil para o empresário acaba custando mais de R$ 2 mil. “Tirando os encargos e sem a participação do sindicato, os salários ficariam menores e a contratação maior”, conclui.
O ideal, na sua opinião, é que os salários ficassem mais próximos do mínimo, que é R$ 998, como já ocorreu no passado. Salários mais baixos podem reduzir a renda do trabalhador e provocar a queda das vendas, mas essa queda seria compensada, segundo ele, pelo maior número de pessoas consumindo. “Vai ter mais gente empregada e, portanto, mais pessoas comprando”, salienta.
Ele acha que se o governo estabeleceu o salário mínimo em R$ 998 é porque é o valor mínimo necessário para a sobrevivência de uma família. Se reflete ou não a realidade, na sua avaliação, é uma questão discutível. Ele garante que o comércio em outros municípios oferece salários menores, mas não soube citar quais.
Os aluguéis também pesam nos custos do comércio e podem explicar o aumento de lojas vazias e com placas de "aluga-se" na Rua Coronel Pedro Penteado, a principal do comércio serrano.
Na área central, que tem maior procura de imóveis por empresários, o valor da locação, segundo ele, varia de R$ 6 mil a R$ 10 mil.
O aluguel de uma loja grande, Machado calcula, está em torno de R$ 10 mil. A locação, mais a contratação de cerca de cinco funcionários, custa pelo menos R$ 20 mil ao mês para o lojista. “Todos os dias o comerciante abre a loja devendo R$ 650 por dia”, afirma.
Os salários pagos, segundo ele, estão em torno de 40% acima do salário mínimo, tanto nos restaurantes quanto nas lojas. “Se o salário mínimo garante a sobrevivência, então acho que o seu valor não deveria ultrapassá-lo tanto assim”, conclui.
Algumas lojas, ele admite, oferecem comissão aos funcionários, mas essas negociações são particulares e não aparecem em pesquisas realizadas pela ACIA.
Os empregados de bares ainda podem contar com 10% das gorjetas, que devem ser divididos entre os garçons e demais trabalhadores do estabelecimento. Mas nem todos os bares, restaurantes e lanchonetes, segundo ele, cobram gorjetas.
Outro problema do comércio, na sua opinião, é a falta de identidade. As malhas, ele admite, perderam espaço nas prateleiras e os produtos oferecidos podem não despertar tanto interesse. A saída, ele aponta, seria investir nas fábricas de couro e ampliar a produção de produtos de qualidade.
“Esse movimento já vem ocorrendo e só precisa ser impulsionado”. Mais lojas de casacos, bolsas e artigos de couro de forma geral na cidade atrairiam turistas de maior poder aquisitivo, beneficiando não apenas o comércio como também a rede hoteleira.
A mobilização entre os empresários é uma das saídas para a crise, ele aponta. O movimento Todos por Serra Negra traz esperança para o empresário de que Serra Negra tenha um fim de ano mais movimentado.
Se a prefeitura apresentar um projeto turístico interessante e não exigir um valor muito elevado, Machado diz acreditar que os lojistas vão contribuir financeiramente.
“O empresário já viu que o resultado do trabalho da prefeitura foi bom e outros segmentos como hotelaria, bares, restaurantes também consideram bom”, afirma. Falta, no entanto, ele conclui, detalhar mais esse projeto turístico.
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Comentários
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Vá então sobreviver com um salário mínimo! Este senhor, com certeza, trabalha num circo! 🤥🤥🤥🥳🥳🥳
ResponderExcluirAinda bem que existem algumas cabeças pensantes mais arejadas entre as lideranças do comércio de Serra Negra. Lamentáveis as análises e "soluções" desse senhor, que preside uma entidade tão importante para a economia da cidade, um dos itens cruciais para seu futuro.
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