//FALA, CIDADÃO!// As causas das enchentes


Marcelo de Souza

As enchentes em Serra Negra estão mais associadas a:

1. Topografia serrana, que apresenta bacias hidrográficas cujo tempo de concentração é curto, ou seja, a água que se precipita do topo de uma encosta alcança rapidamente os vales;

2. O centro da cidade ocupou a várzea do ribeirão Serra Negra. Uma área que naturalmente amortecia os picos de vazão das chuvas intensas hoje é ocupada por ruas e edificações. Para piorar, o ribeirão Serra Negra foi canalizado e enterrado;

3. A lei municipal de edificações permite impermeabilização do solo de até 70% para toda a cidade, sem distinção entre áreas centrais, bairros, áreas periurbanas etc. É um número excessivamente elevado, considerando as condicionantes locais. Mesmo esse número sendo elevado, a área impermeabilizada ainda pode ser maior em muitos terrenos. A fiscalização parece ser deficiente e é possível que em muitos lotes a área impermeável ultrapasse os 70%. Quando se reduz a área permeável dos lotes, aumenta-se o volume de água que escoa superficialmente; 

4. Encostas íngremes que deveriam ser ocupadas por matas e não por edificações; 

5. O sistema de drenagem urbano instalado é precário e sofre com o assoreamento de bueiros e galerias. Parece faltar políticas públicas efetivas para proteger os solos superficiais e minimizar as erosões, tanto nas ruas e estradas de terra como em obras de terraplenagem;

6. Parece haver falta de planejamento no crescimento urbano. Loteamentos surgem aparentemente sem a preocupação com o escoamento das águas pluviais, nem com condicionantes geológico-geotécnicos, questões de mobilidade e acessibilidade urbana etc;

7. Faltam áreas florestadas e sobram áreas densamente edificadas ou grandes áreas de pastagem. A fração de água que escoa superficialmente em pastos e áreas de monocultura é maior do que em áreas florestadas;

8. A Prefeitura não adota nas calçadas faixa de serviço permeáveis. Tudo é cimentado;

9. A Prefeitura não adota pavimentos mais permeáveis do tipo blocos intertravados embasados em areia nas ruas de baixa declividade e de trafego leve;

10. Nas ruas e estradas de terra não se vê um sistema de escoamento das águas pluviais que poderia encaminhar as águas para bacias de infiltração. As águas de chuva correm livremente pelas ruas, chegando rapidamente aos pontos mais baixos;

11. Nas ruas e estradas de terra não se vê um sistema de escoamento das águas pluviais que poderia encaminhar as águas para os diversos lagos que ainda existem na área periurbana e que poderiam servir de “piscinões” naturais;

12. Não façam "piscinões" em talvegues localizados nas cabeceiras. Recuperem as nascentes, preservem as áreas verdes, reflorestem as APAs etc.

13. Importante: o Projeto de Lei 053/2017 não pode ser aprovado na Câmara Municipal antes que se realize um estudo sério de zoneamento, uso e ocupação do solo, plano diretor, plano de mobilidade urbana e um plano para minimizar o risco de enchentes.

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