//ESPORTE// Badminton leva Serra Negra ao pódio

Equipe de badminton do SNEC na abertura da etapa estadual em Mococa, dias 18 e 19 de maio

Salete Silva

As medalhas começam a se multiplicar, os atletas - embora a maioria bem jovem - a ganhar postura de profissional, e os campeonatos se tornam cada vez mais frequentes.

A equipe de badminton do Serra Negra Esporte Clube (SNEC) tirou das quadras da escola uma modalidade não tão conhecida dos brasileiros para transformá-la numa especialidade esportiva da cidade, que já marcou presença este ano até no campeonato nacional.

Para quem não conhece, esse esporte de origem indiana, que recebeu esse nome porque foi parar numa cidade inglesa chamada Badminton, é jogado individualmente ou em duplas, em uma quadra dividida por uma rede no meio. No lugar da bola, como no tênis, é usada uma peteca aerodinâmica que quando rebatida pode atingir até 350 quilômetros por hora.

Embora não tão popular no Brasil, é um dos esportes mais praticados do mundo. Em Serra Negra, começou a ganhar notoriedade depois que o professor de educação física Ivanildo Perciani, o Ivan, por insistência dos alunos da escola Libere Vivere, que queriam praticar o badminton além das aulas de educação física, sugeriu a criação dessa modalidade para os associados do SNEC, que aliás já havia abrigado esse esporte.

O badminton chegou em Serra Negra em meados da década de 1980 trazido ao SNEC pelo professor Geraldo Gomes. “Na época, saíamos para as competições com a cara e coragem, sem o suporte dos equipamentos eletrônicos de hoje, sem nada”, recorda Ivan.

Alex e Ivan: criadores da equipe do SNEC
Depois, deixou de ser praticado por um bom tempo e só retornou há cerca de seis anos, comandado por Ivan e seu colega dos tempos de badminton nos anos 80, Alex Bortoletto. “Primeiro era um grupo para associados e depois criamos a equipe de federados”, explica. Por suas quadras já passaram 160 praticantes. Hoje, são 55 fixos e 16 atletas federados de 12 a 48 anos.

O badminton é um esporte que pode ser praticado por homens, mulheres, jovens, idosos e crianças. Apesar da imagem sofisticada, por estar associada ao tênis, esporte considerado de elite por causa de seu alto custo de manutenção, o badminton é relativamente barato, o que, salienta Ivan, contribui para a sua popularização.

O tênis é um esporte caro, ele explica, porque exige um espaço grande e que permite a prática simultânea de no máximo quatro jogadores. “Já o badminton, em qualquer quadra poliesportiva pode-se colocar redes e jogar várias pessoas ao mesmo tempo”, explica.

O que precisa mesmo é ter disponibilidade e dedicação aos treinos para enfrentar uma maratona de campeonatos ao longo do ano. Alguns, como os regionais e classificatórios para o estadual pelo clube, outros regionais por Serra Negra, além dos jogos abertos.

A equipe sai muitas vezes na madrugada rumo a diversas cidades do interior paulista, como Campinas, Mococa, Mogi das Cruzes, além de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Na última semana (18 e 19 de maio) disputou uma etapa estadual em Mococa, de onde a equipe voltou com cinco medalhas de ouro, uma de prata e uma bronze em dois dias de competição.

As medalhas e conquistas são só um detalhe de projetos como esse na vida de crianças, jovens e adolescentes. “Os projetos sociais, seja na área de esporte, cultura ou qualquer outra, são fundamentais para dar disciplina, ensinar o valor da conquista e do esforço para se chegar no topo”, diz Ivan.

O desafio é vencer as inúmeras dificuldades num país carente de recursos para esse tipo de iniciativa. A extinção do Ministério do Esporte é mais um obstáculo que as equipes esportivas terão pela frente. Sem ministério, o esporte perde prioridade nas políticas públicas e sem prioridade perde recursos.

“Sem o ministério, todo o esqueleto da área de esportes fica desarticulado”, diz Ivan. A saída é buscar patrocinadores, aponta. Hoje, o badminton serrano conta com 11 patrocinadores sem os quais seria muito difícil colocar em prática sua agenda de competições. “O dinheiro vem daí para pagar alimentação, estadia do pessoal, auxiliar no transporte e pagar a diária do Alex, que se dedica aos campeonatos”, salienta.

Vincular a imagem da empresa ao esporte, segundo ele, tem sido um objetivo empresarial cada vez mais frequente por aqui. “E isso é bom porque os jovens atletas começam desde cedo a entender a responsabilidade de vestir a camisa”, afirma. “Não se exige medalha, mas postura e responsabilidade”, salienta.

Essa postura já dá para notar nos depoimentos dos jovens atletas. “O badminton alivia meu estresse, é lazer, mas também tem o lado da responsabilidade, que são os treinos para os campeonatos”, diz Thiago Campos Patrício. Além disso, ajudou a discipliná-lo com a alimentação. “Esporte é saúde, quando comecei a praticar passei a me alimentar melhor para ter melhor rendimento”, acrescenta.

Laís Dallari, 13 anos, que iniciou a prática do esporte com menos de dez anos e hoje é uma das colecionadoras de medalhas da equipe, sabe bem o peso da responsabilidade: “Disputar o nacional desta vez foi muito bom porque já estamos mais maduros e conseguimos algumas conquistas”, afirma. Além disso, reconhece a importância de seu desempenho esportivo como inspiração para os colegas. “Quando a gente ganha, os outros percebem que é possível vencer”, acrescenta. Para Rafaella Langella, 13 anos, o badminton passou a ser o esporte favorito. “Quando estou aqui me sinto livre”, revela.

Ainda há muito na agenda de campeonatos para este ano. Nos próximos dias 15 e 16 de junho o SNEC sediará o campeonato sênior, veterano e master. Ainda estão previstos o estadual de Mogi das Cruzes, jogos regionais, classificatório para os jogos abertos, e em setembro mais uma etapa nacional em Brasília, além dos jogos escolares do Estado de São Paulo, que podem classificar atletas para o nacional e até para os jogos Pan-Americanos.

Os pais, finaliza Ivan, são fundamentais para tudo isso dar certo. São eles que incentivam, levam e mantêm o jovem na prática esportiva. “É preciso que os pais incentivem, apoiem, participem, estejam presentes e, se possível, pratiquem junto com os filhos”, conclui.



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