//CRÔNICA // Os previsíveis bolsonaristas

A Rua Irmã Dulce, domingo, à espera dos manifestantes

Salete Silva

Os bolsonaristas em geral não gostam da imprensa e reagem rispidamente quando contrariados. Por cautela, muitos jornalistas preferem cobrir atos de apoio ao presidente Bolsonaro à distância, nas janelas e coberturas de prédios, para evitar atritos com manifestantes.

A pacata Serra Negra em seu primeiro dia do ano de temperatura baixa, ruas animadas por turistas, coisa meio rara nestes tempos de crise econômica, parecia até imune a rompantes bolsonaristas.

Não foi difícil se arriscar, no domingo, na Rua Irmã Dulce totalmente deserta mesmo três horas depois do horário marcado para o início da manifestação em apoio ao governo Bolsonaro, que seria das 9 às 16 horas.

O risco de periculosidade parecia nulo. Pelo menos até o momento em que a repórter quis saber por que Serra Negra não conseguiu arregimentar apoio para o ato em favor do presidente, que nas últimas eleições obteve 81% dos votos na cidade.

Bolsonaristas contrariados tentaram desviar o assunto para outros temas. Teve quem negou a ausência de público, argumentando que pelo menos 50 pessoas estavam no local, contrariando completamente a realidade factual.

Não faltou, claro, o bolsonarista que chama jornalista de petista, nem tampouco o que tem na ponta da língua o velho discurso contra políticos comunistas, artistas e intelectuais: “Se os militares tivessem matado políticos, como Fernando Henrique Cardoso, não estaríamos nessa situação”, disse um deles.

Mas o caldo engrossou mesmo na hora da foto. “Se você pode fazer foto nossa, podemos fazer a sua e colocar no Facebook”, um deles ameaçou, com o objetivo de intimidar a repórter, que prometeu voltar à tarde, já que os organizadores previam movimento depois das 14 horas.

Numa atitude de paz, a repórter arriscou até uma dica aos bolsonaristas: “Quem sabe se colocarem uma faixa, vocês conseguem atrair alguém...”

Perto das 14 horas, a faixa foi colocada, mas a rua continuou vazia e já havia sido até desinterditada para que os turistas pudessem ganhar vagas de estacionamento.

A repórter, a exemplo do que muitos colegas têm feito, decidiu então só observar de longe os solitários organizadores à espera de gente para começar o ato.

Comentários

  1. Esqueceram de tocar o berrante !!! Serra Negra arrependida, VIVA !!!

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  2. Passei pela Laudo Natel...havia um senhor "desesperado" no celular...kkkkkkkk

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  3. Mais uma materia excelente. Quanto a falta de público, tb me pergunto: o que aconteceu?

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  4. Bolsonero apagando-se pouco a pouco.Vai virar cinza,logo logo.

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