//CIDADE// Vem aí o novo Parque São Luiz

Arquiteta Vitoria Testa: "Vamos tentar fazer a água fluir naturalmente"

Carlos Motta

- O Parque São Luiz é onde mais temos apanhado neste nosso governo. Mas vamos resolver o seu problema.

O desabafo e a promessa foram feitos na fria noite de terça-feira, 21 de maio, na EMEB Profa. Maria Lucia Stenghel Salomão de Azevedo, no Bairro dos Francos, pelo prefeito Sidney Ferraresso (DEM), que lá compareceu acompanhado de uma comitiva formada pelo seu vice, Rodrigo Magaldi (DEM), secretários municipais e vereadores. 

Na escola, eles se reuniram por uma hora e meia com cerca de 20 moradores da região, para mostrar o projeto de revitalização do parque, que se encontra praticamente abandonado, sujo e malcheiroso, há vários anos.

O projeto é de autoria da arquiteta Vitoria Testa, que foi apresentada pelo prefeito como "uma cabeça muito boa, uma jovem que está crescendo com a cidade e que quer deixar sua marca nela". E foi Vitoria quem levou ao público a sua visão de um novo Parque Fonte São Luiz, que pode ser assim sintetizada: no lugar dos atuais laguinhos, um riacho, com as laterais desocupadas para que ali possam ficar barracas de artesanato ou serem realizados eventos diversos; troca de parte da vegetação, com destaque para plantas ornamentais; reforma do banheiro; colocação de vegetação no alambrado que cerca o local.

Uma série de imagens do parque revitalizado acompanhou as suas explicações. No fim, Vitoria foi franca a respeito de um dos pontos-chaves dos problemas do parque: "Não podemos prometer que vamos fazer a água do riacho fluir naturalmente, abastecido pelas fontes do local, mas vamos tentar fazer isso", disse.

A dificuldade toda é porque esgotos clandestinos têm poluído a água da fonte que antigamente caía em cascata por sobre a gruta e formava os pequenos lagos existentes no parque. As várias reformas feitas no local não resolveram esse problema.

Marcos Mielli, o Prancha, morador há mais de três décadas no São Luiz, candidato a prefeito na eleição de 2016 pelo PCO, foi quem levantou essa questão. Segundo ele, até agora só foram feitas intervenções paliativas no parque, que, em sua opinião, é um cartão postal da cidade, com um potencial turístico enorme. "O projeto é bom, mas temos de fazer a água do riacho correr naturalmente, sem auxílio de nenhuma bomba. E se possível, levar a água até lá por cima da terra, quem sabe através de um aqueduto, para não se contaminar com o esgoto. O São Luiz é uma coisa única, um dos lugares nais bonitos de Serra Negra. Mas é preciso que tenha gente tomando conta dele, para não se deteriorar", afirmou.

Para Prancha, um dos maiores vilões do São Luiz é o campo de futebol, contíguo ao parque, numa área que era anteriormente um brejo. "Esse campo está no lugar errado, tem de ser mudado, tem de voltar a ser o que era, um reservatório de água. Como está, sempre vai dar problema."

 Ferraresso: "Temos apanhado com o São Luiz"

Tanto o prefeito quanto seu vice foram enfáticos em afirmar que desta vez vão tentar acabar, junto com a Sabesp, com as ligações clandestinas de esgoto. Informaram que não são tantas assim, e que, com a ajuda da Vigilância Sanitária, detectarão as casas que estão irregulares. "Quem está jogando o esgoto clandestinamente vai ter de se regularizar, não vamos amaciar", disse o prefeito. 

Ferraresso informou que vai destinar para a revitalização do Parque Fonte São Luiz R$ 250 mil. A princípio, essa verba viria do Dadetur, o Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos. Serra Negra, explicou, teria direito a cerca de R$ 3 milhões neste ano, mas o governador João Doria (PSDB) contingenciou 40% do dinheiro, sobrando aproximadamente R$ 2 milhão para a cidade. "E só deveremos receber a nossa parte no fim do ano ou no início do ano que vem", lamentou.

A solução para levantar os R$ 250 mil do São Luiz mais rapidamente, informou, veio do deputado estadual Edmir Chedid (DEM), "que é o meu deputado", como enfatizou. Edmir prometeu que vai conseguir a verba via emenda parlamentar. "É um dinheiro, ele disse, que chega antes que o do Dadetur", explicou.

Antes que essa verba saia, porém, a arquiteta Vitoria Testa terá de fazer um projeto alternativo ao que apresentou. É que alguns moradores do São Luiz pediram para que fosse construído um centro comunitário no parque - sugestão que não foi bem recebida por outros moradores, como Prancha:

- Claro que é preciso que o bairro tenha um centro comunitário, para esportes, artes, lazer. Mas não dentro do parque, não tirando mais área do parque, jogando mais cimento nele. Minha preocupação é perder espaço do parque.

Vitoria acha que é possível fazer uma mudança no projeto sem mexer na área de paisagismo. E para resolver o impasse, prometeu apresentar um novo projeto com as alterações.

- Aí, vamos convocar o pessoal do bairro para que vote no projeto que achar melhor - decretou o prefeito.