//ARTE// O som das violas completa dez anos

A orquestra ensaia: repertório tem 275 músicas

Carlos Motta

Ela é patrimônio cultural da cidade - reconhecida por lei. Mas sobrevive graças ao amor que seus integrantes têm pela música sertaneja. A Orquestra de Viola Caipira Cantos da Serra se apresentava, quando começou, com cerca de 80 pessoas. Com o passar do tempo, foi diminuindo e hoje, a poucos dias de completar dez anos de fundação, conta com apenas oito músicos. "Mas até que é bom assim, dá para ensaiar e tocar melhor", diz José, ou Zé, Antônio Batalha Zoccoler, um dos solistas do grupo.

A orquestra nasceu por inspiração de Marcos Zappio, já falecido. Embora sem ser músico - trabalhava como fiscal da prefeitura -, ele formou o conjunto, que contou, em seu início, com Josué Vanini como maestro e professor de muita gente que se interessou pelo instrumento mais característico da música sertaneja, a viola.


Dide, Zé Antônio, Amaury e Marcelo
Vanini não está mais na orquestra, mas deixou um legado importante: um repertório de 275 músicas, 70% delas sertanejas "de raiz", como diz Zé Antônio:

- A gente varia esse repertório de acordo com o público. Quando vamos para uma cidade mais para o interior, como as de Minas, tocamos só raiz. Aqui em Serra Negra, por exemplo, mesclamos com músicas mais modernas.

Uma outra vantagem de ter poucos integrantes é que agora dá para dividir o cachê das apresentações pagas. "Incentiva o pessoal", constata Zé Antônio. E além disso, ajuda na compra de cordas para os instrumentos, na renovação dos uniformes e até mesmo na aquisição da aparelhagem de som:


Guigão, percussionista
- Compramos uma mesa de 24 canais. Já temos os nossos próprios equipamentos, o que é muito bom, pois a gente controla a qualidade do nosso som.

A próxima apresentação da orquestra é na Associação da Polícia Militar, em São Paulo. "Vai ser para muita gente, mais de mil pessoas", informa Zé Antônio. "Mas a gente toca também muito em igrejas, hospitais, asilos, sem cobrar, nossa função é bem social", complementa.

A prefeitura ajuda um pouco a orquestra, contratando-a para tocar em alguns eventos que promove. Fora isso, não há nenhum outro tipo de contribuição. "Gostaríamos que fôssemos mais reconhecidos", lamenta Zé Antônio. 


Neila e Sue Ellen
Em agosto a orquestra completa seu 10º aniversário de existência. Os violeiros gostariam de comemorar a data com uma festa, quem sabe uma apresentação especial no Centro do Convivência, com a participação de outros grupos similares da região. "Vamos conversar com a turma da prefeitura para ver se conseguimos acertar uma data", afirma Zé Antônio.

Enquanto isso, a orquestra segue os ensaios, na sala da Banda Lira Serra Negra, às terças-feiras à noite, pelo menos duas vezes por mês. Nesta última terça, dia 28, estavam lá, repisando algumas músicas do grande repertório, além de Zé Antônio, os outros violeiros: Marcelo Guedes, Dide Pizza, Amaury Belon, Neila Zocca e Sue Ellen Faez, além do percussionista Guigão Rodrigo. Faltou José Marconatto, o contador de "causos", que completa os shows do grupo com várias histórias, que viveu e ouviu, da vida dos caipiras do interior do Brasil.

- A gente leva a orquestra a sério, mas também se diverte - diz Zé Antônio.

Os contatos da Orquestra de Viola Caipira Cantos da Serra são os seguintes:

WhatsApp: (19) 99734-1849


E-mail: zoccoler@uol.com.br

Facebook: www.facebook.com/orquestracantosda.serra.35


No vídeo, a orquestra ensaia "Saudade de Minha Terra" ("Adeus, Paulistinha"), de Belmonte e Goiá. 





  

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