//EDUCAÇÃO// Força total ao pensamento crítico


Camila Formigoni

“Quando a educação não é libertadora,
o sonho do oprimido é ser opressor”
Paulo Freire

O senhor de barba longa e branca, pernambucano, formado em direito e que teve seus escritos e práxis voltados aos oprimidos, divide opiniões. As obras e influências de Paulo Freire estão presentes em várias partes do mundo, como a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e Reggio Emilia, na Itália, porém, em seu país de origem, as leituras relacionadas a seu pensamento vêm sendo cada vez mais desconhecidas e levadas de maneira bastante rasa por aqueles que têm um contato direto com pessoas que compõem uma classe não dominante, desfavorecida.

  1. Em 1963, quando iniciou o método em Angicos, no Rio Grande do Norte, alfabetizando cerca de 300 cortadores de cana em 90 dias, ele tinha como objetivo transformar a leitura em não apenas uma forma mecânica de decodificar letras, mas sim de encorajar o pensamento crítico. Sua visão cristã para com os oprimidos causou certo incômodo aos militares que tomaram o poder no Brasil em 1º de abril. Quando estava disseminando o “Método Paulo Freire” aos demais Estados e cidades brasileiras, Freire foi barrado e tido como ameaça e perigo à nação.


Exilado no Chile, escreveu lá sua obra mais conhecida, a "Pedagogia do Oprimido". Morou nos Estados Unidos, Suíça e África. Percorreu e teve reconhecimento em vários países. Retornou ao Brasil em 1980, foi secretário da Educação durante parte do mandato de Luíza Erundina na prefeitura de São Paulo. Teve contato com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e um vínculo muito grande com a Pontifícia Universidade Católica (PUC).

Para o educador a escola é um lugar onde o docente deve escutar, conhecer a realidade e vivência de seus alunos, para que a aprendizagem não seja “bancária”, que o discente não seja um depósito de saberes, e sim um ser que pensa de forma crítica, questionadora.

Em 2 de maio de 1997 Paulo Freire deixou de escrever, deixou de estar de corpo presente, mas seu legado e a Pedagogia do Amor e da Esperança continuam presentes até os dias atuais. Quando o oprimido não se enxerga como alguém capaz de compreender e mudar sua realidade, tende a repetir, repete com as pessoas ao redor a opressão que sofre. De acordo com Freire, ajudar a ampliar os horizontes do oprimido é também deixar de alimentar o opressor que habita nele. Há uma forte tendência de repetição daquilo que se é vivenciado. 

Diante da visão do pensador não há saber mais ou saber menos, não existe um “ser mais” ou um “ser menos”, são seres e saberes diferentes. Encorajar o pensamento crítico não é ameaçador, é libertador!

Comentários

  1. Parabéns, Camila, por este seu texto que busca traduzir às pessoas um pouco desse grande educador que foi Paulo Freire. Um texto informativo, claro e, por que não?, com poeticidade.

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  2. Paulo Freire,considerado no mundo e aqui pichado pelos ignorantes com iniciativa fake e bélica, sabia que o saber tem sabor.

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