//CIDADE// Páscoa feliz, mas sem euforia


Salete Silva

O mercado de trabalho perdeu em março mais 43 mil vagas com carteira assinada, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Essa pesquisa pode ser mais um dado para explicar o movimento da economia no país ainda aquém das expectativas de empresários brasileiros de diferentes regiões e segmentos, incluindo Serra Negra, que aposta na divulgação da cidade para atrair os turistas.

Calçadas lotadas, ruas movimentadas por veículos de diversos locais do Estado de São Paulo, bares cheios e pontos turísticos tomados pelos visitantes marcaram o feriado de Páscoa serrana, que, segundo estimativas de empresários do ramo, apresentou resultado financeiro melhor do que o do ano passado.

A cidade não dispõe, porém, de dados oficiais estatísticos com base científica para fazer comparações com períodos anteriores. Segundo a Associação de Hotéis Restaurantes e Similares de Serra Negra (Ashores), a ocupação na rede hoteleira atingiu 80%, menos do que no ano passado, quando alcançou 100%.

A estimativa da prefeitura é que passaram por Serra Negra cerca de 20 mil pessoas e que o comércio e hotéis atingiram suas capacidades de ocupação. Na avaliação do secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Serra Negra César Augusto Borboni, o Nei, a programação cultural e os pontos turísticos, com destaque para o Alto da Serra, foram os principais atrativos para os visitantes.

Em levantamento preliminar entre parte de seus associados, a Associação Comercial Industrial e Agrícola de Serra Negra (Acia) estima que as vendas no comércio tenham superado em cerca de 10% as do mesmo feriado em 2018. “Precisamos de um tempo para fazer um levantamento mais preciso, mas em conversa com alguns comerciantes, constatamos que houve um acréscimo nas vendas de cerca de 10% em relação ao ano anterior”, diz a gerente administrativa, Denise Modonezi.

A proximidade com o Dia das Mães e o lançamento da coleção outono/inverno 2019 pelas lojas podem ter estimulado as compras, mas os consumidores, Denise admite, estão mais contidos. “A maioria das pessoas ainda se sente insegura”, analisa. 

Suas previsões de movimento de visitantes na cidade e de vendas no comércio nos próximos meses, período de alta temporada na região e o de melhor faturamento comercial, se baseiam mais nas iniciativas locais para divulgação dos pontos turísticos do município do que na previsão de recuperação econômica do país.

"Estamos vendo melhorias no cuidado com nossos pontos turísticos e com isso a tendência é de atrair um turista com maior poder aquisitivo, mas vai depender da capacidade de focar em uma divulgação forte”, avalia.

A divulgação frequente e constante das atrações turísticas de Serra Negra também explicam um melhor movimento em bares e restaurantes este ano do que na Páscoa de 2018, na opinião do presidente do Comércio Forte, Rafael Accorsi. Seus estabelecimentos comerciais, ele informa, registraram faturamento 30% superior ao do ano passado. Sua expectativa para a alta temporada deste ano é otimista, apesar do menor número de feriados. “Para isso, é preciso unificar as forças no sentido de tornar Serra Negra um destino desejável”, disse.

A reportagem do Viva! Serra Negra constatou movimento mais intenso nas lojas, em especial no sábado de Aleluia. O diferencial estava no atendimento. Melhores resultados obtiveram as lojas que capricharam para agradar e convencer os consumidores. Os turistas optavam, de forma geral, por produtos mais baratos e refletiam mais sobre a decisão de compra, receosos em relação à retomada econômica.

Pouco antes do feriado de Páscoa, o mercado divulgou a redução para 1,71% de alta do PIB em 2019. O Produto Interno Bruto (PIB) é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.

A previsão anterior era de alta de 1,95% do PIB. Foi a oitava semana seguida com queda na previsão. Os analistas começaram a rever para baixo o crescimento do PIB diante de um menor resultado da economia no ano passado que fechou em 1,1%.

A estimativa de inflação para este ano recuou de 4,06% para 4,01%. A queda na inflação, no entanto, pode refletir redução de vendas o que impediria o repasse de preços para não desestimular ainda mais o consumidor.

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