//AMBIENTE// O Lago Gurupiá pede socorro

Dona Izolina: "Se não fizerem nada, o lago vai morrer"

Assoreamento do Gurupiá se intensificou com as obras da Igreja Quadrangular

Salete Silva

De um lado, o mato e a terra avançam sobre o Lago Gurupiá, diminuindo a cada dia sua extensão já equivalente a menos da metade do tamanho original.

Do outro lado, dona Izolina de Oliveira Basseto, de 70 anos, alimenta diariamente os gansos sobreviventes à degradação na esperança de manter viva a pequena parte do lago ainda não tomada pelo matagal. 

O assoreamento do Gurupiá, localizado ao lado da pousada do mesmo nome, no bairro das Posses, se intensificou depois da construção do centro de convenções da Igreja Quadrangular, num terreno de 165 mil metros quadrados, e que fica em frente ao lago.

A Prefeitura de Serra Negra informa que a responsabilidade pela gestão do Gurupiá é da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), da qual a reportagem do Viva! Serra Negra aguarda resposta a um questionário enviado à sua assessoria de imprensa. 

A situação crítica do Gurupiá entristece serranos como dona Izolina, há 47 anos moradora no local, que viu filho e neto crescerem brincando na beira do lago. “O que ocorreu aqui é uma judiação”, diz.  

Circulam entre os moradores algumas versões para a degradação e diminuição do Gurupiá.

Uma delas é o descaso com a manutenção e a drenagem e a outra é a de que o assoreamento teria sido provocado por despejo clandestino de aterro durante a construção do centro de convenções e que haveria um termo de conduta para que a Igreja Quadrangular se responsabilizasse pela recuperação do local, em contrapartida ao desmatamento de árvores centenárias localizadas na via lateral ao local onde foi erguida a construção.

A Prefeitura de Serra Negra não confirma essa versão e informa ainda que para discutir o assoreamento do Gurupiá e demais lagos do município espera agendamento de uma reunião por parte do Ministério Público local com representantes do Executivo, da Sabesp, da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE).

Sem a paisagem exuberante de antigamente, o local não atrai mais os serranos e os turistas, que preferem outros pontos da cidade para caminhar e apreciar a natureza.

O que se vê por lá, relatam moradores, são funcionários da Concryel, empresa de pavimentação, que chegam cedo com um caminhão, para retirar água do lago, usada no trabalho de calçamento da Avenida Agostinho Franco de Oliveira, também no bairro das Posses.

A obra é realizada pela Prefeitura com recursos do governo do Estado de São Paulo, que liberou para ela R$ 741,7 mil. “Os caminhões retiram água umas quatro ou cinco vezes por dia”, diz um morador que preferiu não se identificar.

O primeiro caminhão chega logo cedo, por volta das 7h30 da manhã. “Os funcionários garantem que a retirada da água não prejudica nem o lago nem os peixes”, diz o morador.

Segundo ele, crianças que brincam nas imediações preocupadas com os animais do lago quiseram saber qual é o destino dos peixes. “Eles disseram que não são sugados porque há uma rede nos veículos que impede que sejam absorvidos na captação da água”, explica.

Mas dona Isolina diz assistir à degradação paulatina do lago: “Havia aqui uns 18 gansos, agora só tem nove e se não fizerem nada o lago vai secar”, afirma.  


Gradil foi instalado na trilha do entorno da represa

 Represa

O Parque Reserva Dr. Jovino Silveira, conhecido como Represa da Barragem, também em situação crítica até recentemente, passa, segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, por obras de revitalização.

O projeto prevê a recuperação dos quiosques, instalação de reservatório e tubulação em inox (na fonte), recuperação do fechamento do campo de futebol, instalação de nova iluminação, de guarda-corpo e instalação de novos fechamentos no entorno do lago, entre outros.

Serão investidos cerca de R$ 400 mil, provenientes do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos (Dadetur). As obras deverão estar concluídas em setembro deste ano.

Comentários

  1. Realmente sou moradora do bairro. Na época compramos o terreno aqui no bairro pelo lago. Era grande na época tinha até jetsky. É uma pena estar abandonado, sujeiras, lixos . Lamentável o corte de árvores. O lago era lindo, pessoas caminhando. Agora nem eu faço caminhadas. Triste. Um descaso total. Espero que tomem uma atitude referente a recuperação do lago e os patos, gansos,peixes , aves voltem ao seu habitat.

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