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Nei: “O turismo rodando, tudo vai rodar, incluindo saúde e educação” |
Salete Silva
O recuo das vendas do comércio da capital paulista de mais de 4% em março, registrado pela Associação Comercial de São Paulo, é mais um dos indicadores econômicos a acender o alerta de empresários de todo o país que já temem as expectativas de outro ano econômico perdido.
Na tentativa de reverter o cenário negativo, empresários serranos começam a se articular para juntos encontrarem soluções de retomada dos negócios. É nesse movimento que aposta o novo secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Serra Negra, César Augusto Borboni, o Nei, para fazer girar o principal motor da economia do município.
O turismo responde por 25%, equivalentes a R$ 15 milhões, dos cerca de R$ 60 milhões da arrecadação anual da Prefeitura. “Só é menor do que arrecadamos com o IPTU”, informou o secretário em entrevista ao portal Viva! Serra Negra. Sua meta é dobrar a arrecadação dessa área e atingir R$ 30 milhões com a articulação de todo o setor para melhor divulgar as atrações e pontos turísticos, além de criar uma identidade turística para Serra Negra.
Driblar o ajuste fiscal que atinge Estados e municípios é um dos desafios. O outro é conseguir promover o entendimento entre os empresários, incluindo os do agronegócio, fazendo com que os interesses individuais não se sobreponham ao interesse coletivo.
O orçamento para o turismo neste ano é de apenas R$ 1,9 milhão e 46% dos recursos da única fonte de repasse de verbas públicas para o setor, o Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos (Dadetur), foram contingenciados, ou seja, estão temporariamente suspensos pelo governo do Estado como forma de contenção de despesas.
O Dadetur aprovou para o turismo da cidade R$ 3,6 milhões em 2019, mas só R$ 1,9 milhão já está liberado. A expectativa do secretário é conseguir atingir pelo menos 80% do total o mais rapidamente possível e para isso ele conta como trunfo o fato de o município não ter nenhum convênio pendente, ou seja, todas as suas contas estão em dia. “O Estado é que nos deve pagamento de 2018”, destaca Nei.
Incluir no calendário de eventos da cidade uma grande festa do café, produto agrícola que daria boa visibilidade ao turismo local, será o teste de capacidade de articulação do novo secretário. A última reunião realizada pelos empresários envolvidos na cadeia produtiva do setor – do cafeicultor aos bares e restaurantes – evidenciou a árdua tarefa, segundo o secretário, de promover o convencimento das partes da necessidade de abrir mão dos interesses individuais em benefício do interesse coletivo para que haja um consenso.
Outro trabalho árduo será o de convencimento da população de que os recursos aplicados em turismo não devem ser considerados gastos, mas sim investimentos. Se não entram recursos aos cofres públicos via turismo falta verba para as demais áreas. “Temos de falar a verdade e dizer que Serra Negra não pode mudar o turismo porque algumas pessoas pensam que é possível tirar dinheiro do orçamento do turismo e jogar para outras áreas, como saúde e educação”, argumenta. “Se tirar do turismo e jogar para a saúde, vamos criar dois problemas”, acrescenta.
Se o turismo perder prioridade entre os investimentos, o secretário avalia, os R$ 15 milhões arrecadados pelo setor podem cair pela metade, e todos os outros setores acabarão perdendo com isso. O contrário pode ser verdadeiro: recursos que entram via turismo podem irrigar outras áreas. “O turismo rodando, tudo vai rodar, incluindo saúde e educação”, salienta. Mas esse, o secretário conclui, é outro trabalho de conscientização.
Projetos
A Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico tem projetos desenvolvidos e em andamento para a verba de R$ 1,9 milhão já liberada pelo Dadetur. As principais são para o Alto da Serra e para o Parque Fonte São Luís, projetos de responsabilidade da arquiteta Vitória Testa.
O Alto da Serra terá investimentos da ordem de R$ 300 mil para a construção de mirante, cafeteria ou restaurante e um banheiro. O projeto do Parque Fonte São Luís, em fase final de desenvolvimento, será submetido à apreciação da população do bairro.
“Os moradores disseram que querem ver a água jorrar novamente e é isso que faremos”, diz Nei. Receberão recursos também a represa Santa Lídia, que será revitalizada para ganhar um parque de esportes, a Fonte Santo Agostinho e a Praça Sesquicentenário, que provavelmente receberá um palco para shows e apresentações.
Os planos do secretário para o turismo incluem ainda a criação de um fundo de recursos para o setor, o Fundo Municipal do Turismo (Fumtur), que teria como principal fonte de arrecadação uma taxa de turismo que em outras cidades, como Gramado, por exemplo, giram em torno de R$ 3 por turista. “Só com essa taxa arrecadaríamos mais meio milhão de reais com a hotelaria”, estima.
Centro de Convenções
Privatizar o Centro de Convenções é o objetivo das administrações municipais nos últimos anos. O maior complexo arquitetônico da América Latina, localizado numa área de 60 mil metros quadrados, com 15 mil metros quadrados de área coberta construída, ainda não parece atrativo a grandes empreendedores, admite o secretário.
Empresas que demonstraram interesse desistiram depois de avaliar que seriam precisos investimentos de até R$ 10 milhões no local para adequá-lo às necessidades do empreendimento, além de alegarem falta de público e de um turismo forte capaz de sustentar um centro de convenções desse porte. A saída para manter os gastos de manutenção, segundo Nei, tem sido “caseira”, com a prefeitura cedendo o espaço para eventos de escolas, do Serra Negra Esporte Clube, e para apresentações culturais, como o show dos Titãs, previsto para o dia 12 julho, nas quais o poder público cobra apenas gastos com manutenção, como a taxa de luz, de acordo com o secretário.
Outra saída tem sido oferecer o espaço para convenções do governo de São Paulo. Para este ano, já estão previstas pelo menos seis convenções, cada uma para 1,2 mil funcionários da área da educação. A primeira está prevista para maio. A ideia é conseguir novos contratos com outras secretarias de Estado, como a de Saúde, e de outras esferas de governo.
Conservação pública
O secretário diz estar atento também à conservação de logradouros públicos, como praças e fontes, um dos principais alvos de críticas da população serrana, que alega abandono por parte da prefeitura. O mais recente alvo de críticas foi a Fonte Albino Brunhara. Para o secretário, no entanto, esse caso em especial não é problema de má conservação, mas da falta de conscientização da população da importância da valorização e conservação do patrimônio público.
No vídeo abaixo, Nei diz quais são, para ele, os pontos fortes e os pontos fracos do turismo de Serra Negra.
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