//FERNANDO PESCIOTTA// Bola da vez



Após uma semana e depois de pesquisas de opinião apontarem ampla aprovação da ação da polícia do Rio de Janeiro, o presidente Lula se posicionou criticamente. Para ele, como estratégia de Estado a intervenção policial foi um fracasso que resultou numa matança.

Para muitos, Lula se arriscou ao explicitar uma opinião amplamente difundida na esquerda, contrariando expectativas da classe média. Para outros, Lula agiu calculadamente. Há, ainda, quem indique que o presidente tem mais informações que comprometem o governador do Rio de Janeiro e se antecipou no posicionamento.

Há dois aspectos importantes a serem observados. O primeiro, é que Lula falou o que falou para jornalistas da imprensa internacional, na véspera da chegada de líderes globais para a COP30. Deu um recado: o governo brasileiro não concorda com abusos policiais.

O segundo ponto é que Lula marca posição, embora de forma arriscada do ponto de vista eleitoral. A segurança é a bola da vez para a extrema-direita, que usa uma abordagem palatável para a maior parte da população, cansada da insegurança nas ruas.

Além de bandido bom é bandido morto, a extrema-direita vai insistir em classificar organizações criminosas como terroristas, o que é um grande risco e pode dar muito ruim. E mais uma vez, contam com a ajuda de Trump nessa empreitada, o que também pode ser um tiro no pé.

Para 2026, Lula terá de calibrar o discurso e apresentar realizações nessa área. Nesse aspecto, a CPI agora aberta no Senado, comandada por um aliado, pode ser o palco para ordenar a narrativa, mas isso também vai exigir esforço.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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