//NOTAS SERRANAS// Alerta vermelho para a saúde mental



A vereadora Ana Bárbara Magaldi (abaixo) cobrou das autoridades municipais e estaduais medidas urgentes na área da saúde mental, que se encontra em condições de absoluta precariedade em Serra Negra e no Estado de São Paulo, em especial em relação às internações psiquiátricas. Na sessão da Câmara Municipal de segunda-feira, 29 de setembro, ela informou que acompanhou a programação da prefeitura dedicada à campanha Setembro Amarelo, de conscientização sobre a importância da prevenção de transtornos mentais e psiquiátricos, e observou que as palestras se concentraram apenas no transtorno de depressão, que pode evoluir para casos psiquiátricos e até ao suicídio, que muitas vezes dependem de leitos psiquiátricos indisponíveis nas redes de saúde municipal e estadual.

Leitos psiquiátricos

A vereadora deu como exemplo um paciente dependente químico atendido pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Esse paciente não terá leito hospitalar no mesmo dia do atendimento. “O que faço com ele, mando o paciente para casa e espero que voltará no dia seguinte para internação? Não volta. Paciente psiquiátrico que vai em surto para o hospital, se tiver de esperar vaga, foge”, disse Ana Bárbara. “A gente precisa pressionar o Estado e isso precisa fazer parte da pauta da Secretaria de Saúde para debater na Diretoria Regional de Saúde”, ponderou a vereadora. 

-------------------------------

Humanização hospitalar

Um funcionário do Hospital Santa Rosa de Lima, que pediu anonimato com receio de perder o emprego, em mensagem enviada ao Viva! Serra Negra, fez um apelo em nome de demais colegas de trabalho às autoridades municipais responsáveis pela gestão da instituição para que priorizem a contratação de profissionais da saúde de Serra Negra. O funcionário argumenta que trabalhadores que moram na cidade têm maior compromisso em oferecer acolhimento e atendimento humanizado aos pacientes do município. Eis a mensagem:

“Gostaria de expressar minha opinião como funcionário do hospital Santa Rosa de Lima. Nós, funcionários do Hospital Santa Rosa de Lima, pedimos socorro. Há alguns meses, estamos vivendo uma situação semelhante à que já foi enfrentada em outras unidades de saúde, como o Hospital Ana Cintra (Amparo). Infelizmente, o Hospital Santa Rosa de Lima já não conta mais com a mesma essência de cuidado e acolhimento que sempre marcou sua história. O ambiente se tornou um espaço de ansiedade e pressão, conduzido por coordenadores que, muitas vezes, não conhecem a realidade e a dor vivida dentro da nossa unidade. Pedimos, com urgência, que alguém olhe por nós e pela população que atendemos. Que as próximas contratações priorizem profissionais da nossa própria cidade, pessoas que compreendam e tenham empatia pelas necessidades da nossa comunidade. O Hospital Santa Rosa de Lima sempre foi referência de cuidado humano. Queremos apenas resgatar essa essência.”

------------------------------------

Água privatizada

O abastecimento de água e o tratamento de esgoto continuam sendo um transtorno para moradores de Serra Negra. O tema é um dos mais recorrentes nas sessões do Legislativo serrano. A empresa privatizada no ano passado com o apoio dos deputados estaduais da base do governador Tarcísio de Freitas e referendado pelos vereadores, ainda não tem previsão para a execução de serviços importantes, como a construção da rede coletora de esgoto na Rua Lauro Saragiotto, no Bairro dos Francos. Em ofício enviado aos vereadores, o diretor de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Sabesp, Neunim Rodrigues de Oliveira Júnior, informou que a ampliação da rede de esgoto se encontra em fase de estudos e, se aprovada, as intervenções só devem começar no próximo ano. Com previsão de conclusão em 2027, se confirmada sua viabilidade. 

Três Barras a seco

Cerca de 50 famílias das vilas Santista e Paulista, nas Três Barras, permaneceram por quase uma semana sem água. O contrato da Sabesp com a empresa terceirizada que fazia o abastecimento foi encerrado e os moradores ficaram sem água. Muitos deles tiveram de deixar suas casas até para tomar banho. O argumento da prefeitura é que boa parte das moradias no local é irregular e que não havia previsão para a retomada dos contratos nem muito menos para a regularização dos serviços nas Três Barras. Privatiza que melhora!  

---------------------------

Ocupação do Solo

O projeto de lei de Uso Ocupação e Parcelamento do Solo enviado pelo Executivo para a Câmara Municipal será discutido em audiência pública na Câmara Municipal no dia 30 de outubro, quinta-feira. Conhecida também como Lei de Zoneamento, essa legislação municipal estabelece regras para a organização e o desenvolvimento da cidade, com a definição do que pode ser construído e em quais áreas. A lei normatiza as atividades e construções em diferentes regiões com o objetivo de estabelecer um crescimento urbano sustentável e promover a qualidade de vida e equilíbrio ambiental. Acesse a íntegra do projeto no link https://cmserranegra.sp.gov.br/assets/pdf/ProjetodeLei027,de2023-Institui-a-nova-Lei%20de-Uso-de-Solo.pdf

-----------------------------------------------

Crianças e Natal

A prefeitura vai gastar no mínimo R$ 44 mil nas festividades do Dia da Criança, 12 de outubro, na Praça Sesquicentenário, das 13 às 17 horas. Para o Natal, até o momento, tem previsão de gastos de R$ 124 mil para comprar lâmpadas e afins, destinadas à decoração das ruas, e para adquirir flores para a árvore que pretende colocar na Praça João Zelante.

Comentários

  1. “A doença mental e o sofrimento mental são socialmente construídos” Sidarta Ribeiro

    Não basta cuidarmos da doença depois que ela já se manifesta. Seria melhor evita-la.
    Não bastam palestras, datas de conscientização, mais leitos psiquiátricos, mais tarjas pretas nas prateleiras das farmácias e humanização hospitalar. Tudo isso é obviamente importante e urgente, mas não basta.

    Precisamos questionar se estamos construindo uma cidade humanizada.
    Precisamos checar se estamos no caminho efetivo da cidade verde e azul ou se mais uma vez vamos ler e ouvir discursos protocolares e continuaremos a caminhar na contra mão dos tempos atuais sem ouvirmos os gritos de socorro da natureza e do ser humano que ainda é humanizado.

    Se continuarmos a desprezar as boas praticas para um crescimento sustentável, preparem para criar muitos, mas muito mais leitos psiquiátricos e abastecer as farmácias com toneladas de antidepressivos e outras tantas tarjas pretas. E também reforcem o policiamento porque certamente a violência igualmente irá aumentar.

    A saúde física, mental, emocional, cultural e até espiritual é para ser vivida no dia a dia na cidade e, nossa sociedade, em nome da grana, em nome do progresso, em nome do poder, em nome do orgulho, em nome de empreendedores, em nome de aumentar a arrecadação, vamos destruído dia a dia o maior e melhor bem: a vida e a própria humanização.

    Não basta humanizar o hospital se não humanizarmos a cidade, se não humanizarmos a mobilidade urbana, se não humanizarmos os passeios públicos, se não humanizarmos os bairros, se não priorizamos de fato o pedestre que coincidentemente é humano, se não verdejarmos as ruas e praças, se não tivermos áreas verdes generosas em todos os bairros, se não protegeremos de verdade as montanhas, as nascentes, os córregos e ribeirões, os topos de morros que são os maiores responsáveis pela captação de águas e alimentação dos lençóis freáticos, se não protegemos a fauna silvestre que vem perdendo território, se não investirmos na arborização urbana e rural.

    O olhar precisa ser global, holístico, amplo e, começa pelo projeto da cidade, projeto que sempre é jogado na lixeira porque aparentemente para os míopes qualquer projeto de cidade realmente sustentável e humanizada poderia engessar o pseudo progresso e principalmente regular as ações de prefeitos e políticos que, na maioria aparentam ser retrógrados, seja, por ignorância, seja por má fé.

    Se fala em plano diretor, zonamento urbano, mapa de uso e ocupação do solo, mobilidade urbana, acessibilidade urbana, arborização urbana, mas os poucos debates promovidos pelo executivo e pelo legislativo, são rasos e protocolares para aprovar leis que não colocarão de fato a cidade rumo ao futuro humanizado. Técnicos da prefeitura, que não se apresentam, que não se sabe quem são e onde vivem, do que se alimentam, ditam regras e diretrizes de forma arbitrária e sem amplo e verdadeiro debate com a população.

    Não bastam medicamentos e leitos se continuarmos a produzir a doença e, acredito que o vírus das maiores moléstias, além dos citados sabiamente por Sidarta Ribeiro, são as cidades estranguladas e oprimidas, cidades onde cada metro quadrado é valorizado e o meio ambiente e a qualidade de vida é jogada para o escanteio.

    Prefeitos e vereadores, escutem o que fala Sidarta Ribeiro:
    “... a saúde mental para a maior parte da população tem muito mais a ver com o ambiente do que com a genética. Existe o componente biológico do transtorno mental, mas existe um componente social inegável...”

    E onde é nossa vida social? É na cidade que os senhores estão projetando e construindo sozinhos, sem a contribuição dos moradores.

    A saúde mental tem muito mais a ver com o ambiente. Que ambiente os senhores vão deixar para as próximas gerações?

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Os comentários são bem-vindos. Não serão aceitos, porém, comentários anônimos. Todos serão moderados. E não serão publicados os que estimulem o preconceito de qualquer espécie, ofendam, injuriem ou difamem quem quer que seja, contenham acusações improcedentes, preguem o ódio ou a violência.