Após a investida do governador de São Paulo, que diz não acreditar na Justiça, avança no espúrio centrão a ideia de anistia dos criminosos que atentaram contra o Estado Democrático de Direito.
Para reforçar o movimento, o União Brasil e o PP anunciam a debandada do governo, mesmo que seus ministros se neguem a deixar o cargo.
A principal razão para a decisão do presidente do PP, Ciro Nogueira, é sua irritação com a notícia de que recebeu um pacote de dinheiro do PCC. O dono do centrão, maior defensor do mercado financeiro no Congresso, ficou irritadinho com a revelação da propina do crime organizado e culpou o governo.
Ciro ficou nervosinho também porque o Banco Central demora a aprovar a estranha compra do Banco Master pelo BRB, que ele defende com ardor. Por causa disso, colocou a gangue do centrão para ameaçar a autoridade monetária com um projeto de lei que permite ao Congresso demitir diretores e o presidente do BC.
Na onda de retrocessos, coincidentemente no primeiro dia de julgamento do miliciano, o centrão fez aprovar no Senado o projeto que flexibiliza a Lei da Ficha Limpa e limita a inelegibilidade de políticos condenados.
Mas os bolsonaristas podem colocar a barba de molho. O texto aprovado muda o trecho que abria brecha para beneficiar o miliciano. O centrão quer os votos da extrema-direita, com quem vive afetuosamente, mas não quer mais o miliciano e sua família metida em seus negócios.
Ciro Nogueira e Tarcísio de Freitas querem vender a ideia de que não precisam mais de intermediários. Não é bem assim, porém. Como sempre, é só seguir o dinheiro e saberemos a quem estão acendendo velas.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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