//FERNANDO PESCIOTTA// Nova lição da Argentina



Se alguém já esqueceu – ou prefere não lembrar – o desastre que foi elegermos a extrema-direita, Javier Milei está fazendo o favor de rememorar esses efeitos na Argentina.

A despeito de alguns indicadores econômicos menos ruins na economia, graças ao amplo apoio do mercado financeiro global, de olho nos bilhões colocados no país pelo FMI, os dados sociais continuam péssimos. Com o agravante da corrupção coordenada pela irmã de Milei, que é quem de fato tem a chave da Casa Rosada.

O desastre resultou na acachapante derrota de domingo. Em eleição legislativa da Província de Buenos Aires, que concentra 40% do eleitorado argentino, a oposição ao presidente obteve 47% dos votos, ante 33,7% da governista Liberdade Avança.

Como consequência, no dia seguinte o mercado financeiro derreteu. A Bolsa de Buenos Aires caiu 13% e o dólar recuou 4%, no pior desempenho entre moedas de 33 países emergentes.

Talvez os donos do dinheiro tenham percebido o tamanho da fragilidade de Milei, cujo partido consegue a proeza de não ter nenhum representante no Congresso. Avaliam que será difícil dar andamento à pauta econômica, que para eles e Milei significa apenas repassar o dinheiro para o privado.

Ao que tudo indica, daqui para a frente Milei terá de conviver com um pesadelo chamado Axel Kicillof, o governador de Buenos Aires que ganha a preferência do eleitorado para colocar a esquisitice para correr.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com



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