//FERNANDO PESCIOTTA// Molecagem



Não bastou criticar, lideranças do centrão precisavam confirmar seu grau de mau-caratismo.

Numa manobra cafajeste, o Congresso revogou o aumento das alíquotas do IOF anunciado em maio pelo governo. Na Câmara, os partidos com ministérios deram 242 votos pela derrubada – no total, foram 383 votos contra apenas 98. No Senado, a votação foi simbólica.

Deputados insistem em apontar atrasos na liberação das nefastas emendas parlamentares e até uma suposta aliança do governo com o STF para limitar essas liberações. Suas senhorias também ficaram irritadinhas pelo fato de o governo ter acusado o Congresso como responsável pelo aumento da conta de luz. Mas não foi?

A manobra começou com o presidente da Câmara, Hugo Motta, que sem nenhum aviso decidiu colocar a matéria em votação, surpreendendo até líderes partidários, para quem o projeto só seria analisado na semana que vem. Motta não quis nem discutir o assunto.

Pior, o que confirma o interesse escuso: na véspera, ele se reuniu com líderes da base e ministros da área política e em nenhum momento mencionou a possibilidade de colocar o texto em votação.

O governo deverá aumentar a aposta no desgaste do Congresso reforçando o discurso da injustiça social. E não descarta recorrer ao STF.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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